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Professores gostam da profissão e sentem-se realizados mas não recomendam

Lusa 25 de julho de 2025 às 11:22
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Mais de 90% dos inquiridos na consulta nacional, promovida pela Federação Nacional da Educação (FNE) e pela Associação para a Formação e Investigação em Educação e Trabalho (AFIET), consideram trabalhar muito para aquilo que recebem e entendem que os salários não estão ao nível das qualificações e competências exigidas.

A maioria dos professores gosta do que faz e sente-se realizado, mas não considera a carreira atrativa, entende que os salários são baixos e, por isso, não incentivaria um jovem a escolher a profissão.

O retrato é traçado nos resultados, divulgados esta sexta-feira, da consulta nacional promovida pela Federação Nacional da Educação (FNE) e pela Associação para a Formação e Investigação em Educação e Trabalho (AFIET).

Realizado entre 13 e 27 de julho, o inquérito foi feito a 4.638 professores, do pré-escolar ao secundário, e há opiniões quase unânimes, desde logo o gosto pela profissão.

De acordo com os resultados, 94,4% gostam de ser professor e perto de oito em cada 10 dizem sentir-se realizados no exercício profissional.

Os sentimentos positivos não têm, no entanto, reflexo naquilo que pensam sobre as condições de trabalho e as queixas partilhadas na consulta nacional são semelhantes às registadas nos anos anteriores pela FNE.

Mais de 90% dos inquiridos consideram trabalhar muito para aquilo que recebem e entendem que os salários não estão ao nível das qualificações e competências exigidas.

Por outro lado, mais de 70% dizem que a profissão não é globalmente reconhecida, a carreira não é atrativa, e sentem-se constantemente avaliados e julgados.

Por isso, e apesar de gostarem do que fazem, a maioria dos professores (73,2%) não incentivaria um jovem a escolher a carreira docente.

São, ainda assim, menos do que os que responderam no mesmo sentido na consulta realizada há um ano (menos 10,9 pontos percentuais).

Numa espécie de balanço do último ano letivo, o 'ranking' dos maiores desafios enfrentados pelos docentes é liderado pelo trabalho administrativo, seguindo-se a necessidade de responder à diversidade das necessidades específicas de cada aluno, a conciliação entre o trabalho e vida pessoal e a indisciplina em sala de aula.

Para mais de metade (55,7%) faltaram recursos e apoios para trabalhar com os alunos e 44,8% gastaram mais tempo, face ao ano anterior, em tarefas burocráticas que a maioria considera pouco úteis ou inúteis.

Questionados sobre as prioridades de investimento na sua escola, o apoio a alunos com necessidades especificas é a resposta mais frequente (19,2%), seguida do reforço de pessoal de apoio educativo (18,8%) e de pessoal docente (16,7%).

Cerca de 11% referiram também o reforço de recursos materiais e de técnicos especializados e 8% apontam a melhoria da climatização das salas de aula.

O inquérito abordou outras questões, como a indisciplina nas escolas que, para metade dos inquiridos, aumentou em relação ao ano anterior.

Neste âmbito, é sobretudo a incapacidade de os alunos seguirem regras que preocupa os docentes, mas também as conversas em sala de aula, a não realização de trabalhos, a distração com telemóveis, a violência entre alunos, a assiduidade irregular e o abuso verbal.

Só um quarto dos docentes não teve dificuldades em lidar com a indisciplina em sala de aula.

Os principais desafios referidos são a falta de apoio dos pais, a sensação de 'stress' devido à gestão constante de situações de indisciplina, limitações administrativas decorrentes do estatuto do aluno e falta de apoio da direção.

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