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Praxe na praia em Paço d'Arcos: Governo quer explicações

31 de outubro de 2016 às 17:28
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Cerca de 20 alunos foram praxados na praia de Paço d'Arcos, em Oeiras, tendo sido vistos por várias pessoas a rastejar no areal e a ir buscar baldes de água à zona de rebentação. Governo vai contactar faculdade

A Direcção-Geral do Ensino Superior vai "contactar formalmente" a Escola Superior Náutica Infante D. Henrique a propósito da praxe a 20 alunos na semana passada que motivou a intervenção da Polícia Marítima numa praia de Oeiras. 

Numa resposta enviada à Lusa, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES) acrescentou que não recebeu nenhuma queixa em relação à praxe destes alunos, noticiada no domingo pelo jornal Correio da Manhã. De acordo com o jornal, pelo menos 20 alunos foram praxados na praia de Paço d'Arcos, em Oeiras, tendo sido vistos por várias pessoas a rastejar no areal e a ir buscar baldes de água à zona de rebentação, o que terá levado um dos populares a alertar a Polícia Marítima, que acabaria por se deslocar à praia e ordenar que se afastassem da água.

A Direcção-Geral do Ensino Superior gere desde Junho deste ano o endereço de e-mail praxesabusivas@dges.mctes.pt e uma linha telefónica associada (213 126 111), canais através dos quais já chegaram sete queixas por correio electrónica, algumas das quais referentes a situações ocorridas em anos lectivos anteriores, e três por telefone, uma das quais relativa a suspeitas de um caso que ainda iria ocorrer numa instituição que a tutela não especificou, mas que motivou um contacto oficial da parte da Direcção-Geral do Ensino Superior.

A linha de denúncia de praxes abusivas foi criada pelo ministro Nuno Crato na sequência do caso da praia do Meco, onde um grupo de estudantes da Universidade Lusófona de Lisboa morreu afogado, alegadamente na sequência de uma praxe.

O caso gerou um debate social em torno das praxes, levando algumas instituições a prestar mais atenção a eventos habituais do ano académico, como a recepção aos caloiros, aproveitando esses momentos para reforçar a mensagem de integração sem abusos, e promovendo alternativas a praxes como iniciativas solidárias ou eventos culturais e desportivos.

Este ano, meses antes do arranque do ano lectivo, o ministro que agora tutela a pasta do ensino superior, Manuel Heitor, tomou publicamente posição contra esta tradição académica, considerando as praxes uma "prática fascizante" que deve ser combatida por todos. Semanas antes do arranque do ano lectivo o ministro enviou a todas as instituições de ensino superior do País, a dirigentes académicos e representantes dos estudantes, uma carta em que apelava ao fim das praxes e à sua substituição por actividades ligadas ao universo do ensino superior, de carácter cultural, desportivo e científico, tendo para esse fim aberto uma linha de financiamento, materializada no programa Praxe+.

Além disso, 100 personalidades assinaram uma carta aberta a pedir a criação de alternativas à praxe e a apelar às instituições do ensino superior para que "informem atempada e eficazmente" os novos alunos que "as actividades de praxe não constituem qualquer espécie de obrigação e que não podem ser prejudicados de nenhuma forma ou ameaçados de qualquer maneira por recusarem participar". 

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