Posições foram transmitidas pelo ex-ministro das Infraestruturas e da Habitação numa entrevista à TVI.
O candidato à liderança do PS Pedro Nuno Santos afirmou esta terça-feira que respeita o tempo da justiça, recusando impor prazos, e defendeu que o seu partido não pode voltar a 2014, quando tinha uma limitada autonomia estratégica.
Miguel A. Lopes/Lusa
Estas posições foram transmitidas pelo ex-ministro das Infraestruturas e da Habitação numa entrevista à TVI sobre as razões da sua candidatura ao cargo de secretário-geral do PS, cujas eleições estão marcadas para 15 e 16 de dezembro e tem como adversários o atual ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro e o dirigente socialista Daniel Adrião.
Interrogado se a procuradora-geral da República, Lucília Gago, não precisa de dar explicações sobre o processo judicial que motivou a demissão de António Costa de primeiro-ministro no passado dia 07, Pedro Nuno Santos considerou que tem o dever de impor a si próprio "uma disciplina férrea" sobre esse tema.
Falou então em dois princípios "muito importantes do Estado de Direito: a presunção de inocência e a independência do sistema judicial".
"Quero respeitar isso. A justiça tem um tempo, estou tão preocupado quanto os portugueses no que diz respeito à confiança nas instituições e é muito importante que obviamente seja esclarecido o mais depressa possível", declarou.
Questionado se o processo judicial que envolve o primeiro-ministro deve ser concluído até às eleições legislativas de 10 de março, respondeu: "Não sou eu que vou agora impor prazos ao sistema judicial". Depois, em defesa sua posição, alegou que o ainda líder do seu partido, na Comissão Nacional do PS de sábado passado, "fez um apelo aos socialistas para que se focassem no país e na política, e não na justiça".
"Acho que esse apelo do secretário-geral do PS deve ser respeitado e faz sentido", frisou.
Na entrevista à TVI, Pedro Nuno Santos defendeu o legado político de oito anos de governos liderados por António Costa, disse querer o PS focado em ganhar as eleições e admitiu repetir uma solução de Governo com suporte parlamentar de partidos à esquerda dos socialistas.
"Nós não fechamos portas e critico quando se aparenta querer fechar portas. Em 2015, António Costa derrubou muros que existiam entre o PS e o resto da esquerda. Até a essa data, o PS dependia quase exclusivamente ou de uma maioria absoluta ou da direita para governar", assinalou.
De acordo com Pedro Nuno Santos, em 2015, sob a liderança de António Costa, que sucedeu a António José Seguro no cargo de secretário-geral, o PS alargou o seu espaço de autonomia estratégica, formando um executivo suportado no parlamento pelo PCP, BE e PEV.
"Não podemos fechar essa porta, nós não podemos voltar a 2014, voltando outra vez a restringir o espaço de autonomia do PS. Isso é que seria dramático para o PS e para as possibilidades de governabilidade do PS", frisou.
Interrogado se admite deixar o PSD governar em minoria, após as legislativas de 10 de março, se este partido não fizer um acordo com o Chega, o ex-ministro socialista não respondeu, argumentou que só trabalha com um cenário de vitória do PS e advogou que o Chega "não é um problema do PS". "Temos ouvido várias declarações do líder do PSD [Luís Montenegro] sobre essa matéria, mas aquilo que nós sabemos, para além das palavras, é de um acordo que o PSD fez nos Açores com vários partidos entre os quais o Chega. O PSD ficou em segundo lugar e o PSD fez um acordo com o Chega. Eu nunca vi o líder do PSD a fazer uma crítica a essa solução governativa", disse.
Para Pedro Nuno Santos, o facto de Luís Montenegro dizer que não vai fazer qualquer acordo com o Chega depois das eleições "não é credível".
"O ponto é: se se quer derrotar o Chega, o voto é no PS", contrapôs.
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