Duas pessoas foram acusadas de "tráfico de pessoas para fins de exploração laboral, aproveitamento da debilidade de pessoa para a usar como mão-de-obra sem qualquer contrapartida monetária e detenção de arma proibida".
Um homem e uma mulher foram acusados pelo Ministério Público (MP) de explorarem umpastordurante sete anos em condições sub-humanas, em deAlfândega da Fé, no distrito de Bragança.
De acordo com uma nota divulgada pela Procuradoria Geral Distrital (PGD) do Porto, a que aLusateve acesso esta quarta-feira, o MP diz existirem indícios de que os arguidos mantiveram, entre 2010 e 2017, a vítima a viver junto a uma pocilga, alimentada "com um pedaço de pão com chouriço salgado e uma garrafa de água misturada com borras de vinho", sem nunca lhe pagarem por guardar um rebanho.
O MP deduziu, a 22 de outubro, acusação contra o homem e a mulher, sem revelar qual a relação entre ambos, por "tráfico de pessoas para fins de exploração laboral, aproveitamento da debilidade de pessoa para a usar como mão-de-obra sem qualquer contrapartida monetária e detenção de arma proibida".
De acordo com a PGD, arguido e arguida contrataram em 2010 um homem sem suporte familiar e em especial condição de fragilidade, para, por conta de ambos, em Alfândega da Fé, servir como pastor, a troco de 100 euros mensais, tabaco, alimentação e alojamento".
Os arguidos acomodaram a vítima "num espaço na adega, ao nível do rés-do-chão, contíguo a uma pocilga onde se encontrava um porco e com comunicação com esta", acrescenta.
O Ministério Públicoapurou que os agora acusados "puseram (a vítima) a apascentar um rebanho de ovelhas e cabras composto por cerca de 40 animais sete dias por semana e dez horas por dia".
Davam-lhe "invariavelmente para almoçar um farnel composto de um pedaço de pão com chouriço salgado e uma garrafa de água misturada com borras de vinho e que jamais lhe entregaram qualquer contrapartida monetária pelo serviço prestado, nomeadamente a acordada".
O Ministério Público concluiu ainda que esta situação durou sete anos, até maio de 2017, e que ao longo deste período a condição do homem foi-se degradando.
A vítima estava, como se lê na nota, "proibida de usar as instalações sanitárias e forçada a usar um balde, de lavar a sua roupa, de fazer a sua higiene pessoal" e viu "descurada a sua saúde por não lhe ser prestado qualquer cuidado médico".
O MP refere ainda que a acusação quer que os arguidos sejam condenados a pagar ao Estado o valor de "51 mil euros" correspondente à vantagem patrimonial que obtiveram com a prática deste crime.
O Ministério Público ressalva que a vítima também poderá vir a reclamar os direitos que lhe assistem, nomeadamente a uma indemnização, no processo que seguirá agora os tramites legais até julgamento.
Pastor explorado vivia numa pocilga e era alimentado a pão com chouriço e água misturada com vinho
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui ,
para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana. Boas leituras!
Para poder adicionar esta notícia aos seus favoritos deverá efectuar login.
Caso não esteja registado no site da Sábado, efectue o seu registo gratuito.
Prepara-se o Governo para aprovar uma verdadeira contra-reforma, como têm denunciado alguns especialistas e o próprio Sindicato dos Magistrados do Ministério Público, num parecer arrasador.
Não foi fácil, mas desvendamos-lhe os segredos do condomínio mais luxuoso de Portugal - o Costa Terra, em Melides. Conheça os candidatos autárquicos do Chega e ainda os últimos petiscos para aproveitar o calor.
Imaginemos que Zelensky, entre a espada e a parede, aceitava ceder os territórios a troco de uma ilusão de segurança. Alguém acredita que a Rússia, depois de recompor o seu exército, ficaria saciada com a parcela da Ucrânia que lhe foi servida de bandeja?
No meio do imundo mundo onde estamos cada vez mais — certos dias, só com a cabeça de fora, a tentar respirar — há, por vezes, notícias que remetem para um outro instinto humano qualquer, bem mais benigno. Como se o lobo mau, bípede e sapiens, quisesse, por momentos, mostrar que também pode ser lobo bom.