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Museu em Lisboa vai contar a história da comunidade judaica

O Museu Judaico de Lisboa abre no fim do próximo ano. O presidente da Altice apelida a obra de "milagre judeu" e Fernando Medina garante que o espaço vai contar a história da comunidade judaica "sem medo e reservas"

O Museu Judaico de Lisboa, que deve abrir dentro de um ano, após o investimento de cinco milhões de euros, vai contar a história da comunidade judaica "sem medo e reservas", assegurou o presidente da Câmara Municipal. 

"A presença da comunidade judaica em Portugal, além de milenar, é feita de períodos de luz e de expansão e é feita de períodos negros. [...] E um museu com utilidade e projecção de futuro tem de ser capaz de contar essa história [...] sem medo, sem reservas, sem hesitação, sem nenhuma vontade de esconder algum lado menos risonho da nossa história", afirmou o presidente do município de Lisboa, Fernando Medina (PS).

Falando na cerimónia que formalizou a criação do museu, que decorreu junto ao edifício onde vai ser instalado, no Largo de São Miguel (Alfama), o autarca salientou que este "será um marco sobre a presença histórica judaica em Portugal e, acima de tudo, um instrumento de futuro para a cidade".

"É aqui que todos vão poder conhecer melhor a história" para, assim, "ganharmos consciência da importância que é termos Lisboa como uma cidade aberta, tolerante, capaz de acolher todos na sua diversidade, qualquer que seja a sua religião, [...] a sua etnia, a sua origem geográfica e a sua origem cultural", vincou.

Patrick Drahi, presidente da Altice, empresa que detém a Portugal Telecom, esteve presente e sublinhou a "honra imensa" que é doar para a criação deste museu, que constitui um "milagre judeu" e uma "bênção portuguesa". "Não se trata apenas de dar só para tranquilizar a nossa consciência, de mobilizar a nossa memória, de regressar a casa com o sentido de satisfação e dever cumprido. Trata-se de dar e de trabalhar para a transmissão desta história extraordinária para a partilha do conhecimento, para a investigação histórica, isto é, a busca pela verdade e pela formação de jovens de todas as origens e de todas as religiões, em resumo pela civilização e pela paz", explicou Drahi, que cresceu no seio de uma família de judia.

"Obrigado à minha família, obrigado a Portugal, este país maravilhoso por acolher de novo, depois de alguns séculos, um dos seus", acrescentou o presidente da Altice.

Abre dentro de um ano e custou cinco milhões de euros

No final de Junho, a Câmara aprovou, por unanimidade, um acordo tripartido para o futuro Museu Judaico da cidade, que envolve a autarquia, a Associação de Turismo de Lisboa (ATL) e a Comunidade Israelita de Lisboa.

O protocolo prevê que a ATL pague as obras e assuma a gestão do espaço, cabendo à Comunidade Israelita de Lisboa intermediar e ceder espólio relevante para a constituição do museu. Já o município terá de constituir um direito de superfície, a favor da ATL, sobre os prédios onde será instalado o museu (por um período mínimo de 50 anos), bem como contribuir com financiamento parcial.

Relativamente a prazos, Fernando Medina apontou que "o que está programado é que a obra e a abertura do espaço ocorra dentro de um ano".

Quanto às verbas, disse estar em causa um "investimento total de cinco milhões [de euros] na primeira fase da sua construção e do seu funcionamento", suportado pelo Fundo de Desenvolvimento Turístico (com receitas da taxa turística), por um apoio da Rede de Judiarias de Portugal e por uma doação da Fundação Lina e Patrick Drahi (dono da empresa Altice, que comprou há pouco mais de um ano a Portugal Telecom). Esta última ronda os 1,2 milhões de euros.

Presente na cerimónia, o director-geral da Associação de Turismo de Lisboa, Vítor Costa, considerou que o museu "vai ter um papel importante no turismo da cidade e da região de Lisboa, na sua afirmação de identidade, na autenticidade e na ligação às motivações culturais para judeus".

Acresce que, na sua óptica, os judeus "são muito importantes em determinados mercados".

"Desde logo, no Estado de Israel, onde ainda temos poucos fluxos turísticos para Lisboa, nos Estados Unidos, em comunidades na Europa, na própria Rússia, etc. Tudo mercados para nós importantes", assinalou Vítor Costa.

Já o ministro da Cultura, Luís Castro Mendes, sublinhou que existe "um dever de memória para com o nosso passado judaico".

"Estamos aqui [...] a construir esse lugar de memória", acrescentou.

Prevê-se que a primeira exposição do museu seja referente à cultura religiosa judaica.

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