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Ex-ministro das Finanças diz que Sócrates insistiu que Armando Vara fosse para a CGD

Lusa 14:02
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Luís Campos e Cunha testemunhou na Operação Marquês.

Um dos ministros das Finanças de José Sócrates assegurou esta terça-feira, em tribunal, que o antigo primeiro-ministro insistiu "desde o início" que Armando Vara fosse nomeado para a administração da Caixa Geral de Depósitos (CGD).

Armando Vara
Armando Vara DR

"Desde o início, o engenheiro José Sócrates instou-me a que demitisse a administração da Caixa Geral de Depósitos e nomeasse Armando Vara", afirmou, no julgamento da Operação Marquês, Luís Campos e Cunha, precisando que a pretensão seria que Carlos Santos Ferreira viesse a ser designado presidente e Armando Vara vice-presidente.

O ministro de Estado e das Finanças entre março e julho de 2005 ressalvou que tal não era ilegal, mas sustentou que havia "considerações de caráter ético" a ter em conta e não queria "arranjar 'jobs for the boys' [emprego para os amigos do partido]".

Na acusação, o Ministério Público defende que José Sócrates e Armando Vara, que acabaria por ser nomeado administrador da CGD no final de 2005, foram subornados num total de dois milhões de euros por dois investidores do 'resort' algarvio de Vale do Lobo para beneficiar o empreendimento de luxo.

A imputação baseia-se no pressuposto de que Armando Vara foi indicado para a administração por instrução de José Sócrates, uma alegação que, na sessão de 04 de setembro do julgamento, o antigo primeiro-ministro contrapôs ser falsa.

Hoje, Luís Campos e Cunha sublinhou que não tinha uma opinião nem boa nem má sobre Armando Vara, tendo José Sócrates chegado a marcar um encontro entre os dois para que se conhecessem.

Quando o Carlos Santos Ferreira foi nomeado presidente do banco público e Armando Vara administrador, o ministro das Finanças do antigo primeiro-ministro socialista (2005-2011) era Fernando Teixeira dos Santos.

José Sócrates, Armando Vara e os dois investidores de Vale de Lobo são quatro dos 21 arguidos da Operação Marquês e respondem maioritariamente por corrupção e branqueamento de capitais.

Os 21 arguidos têm, em geral, negado a prática dos 117 crimes económico-financeiros que globalmente lhes são imputados pelo Ministério Público.

O julgamento começou em 03 de julho no Tribunal Central Criminal de Lisboa e tem sessões agendadas pelo menos até 18 de dezembro de 2025.

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