Pedro Delille já não vai defender ex-primeiro-ministro na Operação Marquês. Advogado oficioso já foi nomeado.
O advogado de José Sócrates, Pedro Delille, renunciou ao mandato de defensor do antigo primeiro-ministro no julgamento da Operação Marquês, tendo o tribunal ordenado a nomeação de um advogado oficioso para assegurar a defesa do ex-governante. A informação foi confirmada aos jornalistas por fonte do Tribunal Central Criminal de Lisboa, que precisou que a renúncia deu entrada esta manhã.
Advogado de José Sócrates renuncia defesa na Operação Marquês, tribunal nomeia defensor oficiosoAntónio Pedro Santos/LUSA_EPA
O advogado oficioso já se encontra na sala de audiências, mantendo-se a sessão agendada para esta terça-feira, destinada à audição de testemunhas.
No requerimento remetido ao tribunal, a que a Lusa teve acesso, Pedro Delille fala num "simulacro de julgamento" e justifica a renúncia com "razões deontológicas", depois de, na semana passada, o coletivo de juízes ter decidido reportar à Ordem dos Advogados a conduta profissional do causídico, por este ter presumido que a sessão iria começar mais tarde e ter chegado atrasado. "Fiquei definitiva e absolutamente convencido, após o episódio da passada quinta-feira, que soma a tudo o resto oportunamente denunciado, de que continuar neste julgamento violenta em termos insuportáveis a minha consciência como advogado e a ética que me imponho, a minha independência, integridade e dignidade profissional e pessoal", sustenta.
"Repudio e recuso participar e validar, um minuto mais que seja, neste simulacro de julgamento, neste 'julgamento a brincar'", conclui.
Pedro Delille representava José Sócrates sensivelmente desde que o antigo primeiro-ministro (2005-2011) foi detido no aeroporto de Lisboa, em novembro de 2014.
Para representar o ex-governante foi nomeado o advogado oficioso José Ramos, que, na sua primeira intervenção na audiência de hoje, pediu 48 horas para consultar o processo. O requerimento foi rejeitado pela presidente do coletivo de juízes, Susana Seca, com o argumento de que a Operação Marquês é um processo urgente e de que o prazo seria "manifestamente insuficiente" para ficar a conhecer os autos.
A juíza ordenou ainda uma nova comunicação à Ordem dos Advogados em relação a Pedro Delille, por considerar que o seu comportamento "é suscetível de ofender os princípios de urbanidade" estabelecidos no estatuto profissional dos advogados. A magistrada determinou também que José Sócrates seja informado da renúncia do seu mandatário.
Nem Pedro Delille nem José Sócrates compareceram hoje no Campus de Justiça de Lisboa, onde está instalado o Tribunal Central Criminal de Lisboa.
A sessão decorre com a audição de testemunhas.
José Sócrates, de 68 anos, está pronunciado (acusado após instrução) de 22 crimes, incluindo três de corrupção, por ter, alegadamente, recebido dinheiro para beneficiar em dossiês distintos o grupo Lena, o Grupo Espírito Santo (GES) e o 'resort' algarvio de Vale do Lobo.
No total, o processo conta com 21 arguidos, que têm, em geral, negado a prática dos 117 crimes económico-financeiros que lhe são imputados.
O julgamento decorre desde 03 de julho e tem sessões agendadas pelo menos até 18 de dezembro de 2025.
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