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Debate dos pequenos: imigrantes, corruptos e gastadores apanharam por todos os lados

Marco Alves
Marco Alves 07 de maio de 2025 às 00:06
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Os 12 partidos sem assento parlamentar estiveram a debater na RTP. Alguns com moderação, outros aos gritos.

Há um ano, eram 10 partidos sem assento parlamentar que se apresentavam a eleições, agora são 12. Voltaram ao estúdio da RTP montado na Nova, em Carcavelos, para apresentar as suas ideias, desta vez sem as picardias uns com os outros que tiveram em 2024. 

RTP

Destaque para o PLS - Partido Liberal Social, que tem menos de dois meses de vida e é o estreante em eleições. Segue a linha da Iniciativa Liberal, mas mais ao centro. "Somos um novo partido, um partido liberal social, ecologista, pragmático, não seremos um partido de protesto", disse José Cardoso, presidente. "Acreditamos que o bipartidarismo está a chegar ao fim". O PLS aposta na descentralização e digitalização do Estado, bem como na reforma da Justiça e da Educação, além de um desfocar do modelo económico do País no turismo e mais na "inovação, ciência e mar".

Filipe Sousa, cabeça de lista do JPP pela Madeira, círculo onde o partido joga tudo para eleger um deputado, assumiu que as suas bandeiras são sobretudo insulares (melhor dito, pelo combate aos custos da insularidade). Num âmbito mais nacional, o partido pretende "reduzir a carga fiscal sobre o rendimento das famílias, bem como o IVA dos bens essenciais".

Márcia Henriques, presidente do RIR, falou da "falta de gestão e de eficácia na saúde" e disse que o partido defende "medidas que sejam benéficas para todos e não para os negócios de alguns".

Duarte Costa, co-presidente do Volt, reforçou a natureza pan-europeia do partido (defendem maior integração europeia). "O Volt representa esta nova geração de políticos que querem fazer políticas baseadas em evidências científicas e nas melhores práticas europeias, direcionadas para o centro, para o espaço entre o PS e o PSD, um espaço que precisa de uma nova energia. O centro não se esgota no PS e no PSD. Temos uma mensagem progressista, justa, que trata as pessoas com dignidade".

Hélder Rodrigues, vice-presidente do MPT, partido histórico do sistema partidário, fundado por Gonçalo Ribeiro Teles, veio recordar que é "um partido que defende o humanismo secular e o desenvolvimento sustentável". Mais: "Pretendemos apostar nas pessoas, na Felicidade Interna Bruta". O MPT não concorre em nenhum circulo do continente e o dirigente adiantou que têm acordo (mas não coligação) com a AD: "A nível nacional, apoiamos a AD".

Outra voz insular, da Madeira, Raquel Coelho, porta-voz do PTP, veio dizer que "as pessoas já não acreditam nos políticos". "As pessoas de bem já não querem fazer parte da política, porque a consideram um lamaçal", acrescentou. Levantou questões relacionadas com a Justiça: "O que queremos fazer é uma crítica ao sistema político e judicial português. O Ministério Público não pode entrar no gabinete do primeiro-ministro, encontrar 75 mil euros e não haver mais nenhum desenvolvimento desde aí." Finalmente, alertou para o combate que o PTP há muito faz na Madeira contra o PSD, desde o jardinismo: "Todos sabemos o défice democrático da Madeira. As eleições são enviesadas, o PSD é um polvo que controla o poder judicial".

Já no final do debate, e perante tantos discursos anti-imigração, disse que "a imigração pode ser uma solução", dando como exemplo os projetos de construção a decorrer na Madeira com recurso quase exclusivo a imigrantes.

Joaquim Rocha Afonso, presidente do Nós, Cidadãos, é um repetente. "Estamos novamente nisto..." Ambicioso, disse estar ali "na qualidade de candidato a primeiro-ministro". Disse ainda que o Nós, Cidadãos quer "eleger um deputado para mudar o sistema por dentro".

Como foi comum noutros partidos, defendeu que o problema do SNS é estar mal gerido: "O nosso SNS é de excelência e recomenda-se, mas tem uma estrutura megalómana, até com um CEO, seja lá o que isso signifique em estrangeiro. O que precisamos é de cortar gordura, cargos dirigentes. Temos mais do que dinheiro, temos é um problema de gestão. Tem de haver decência e competência."

Tal como outros defenderam, queixou-se de pouco tempo de antena: "Continuamos a ser boicotados por toda a comunicação social, porque somos fora da caixa".

Mais uma voz insular, a de Paulo Estevão, secretário-geral do PPM (partido nacional, mas atualmente dinamizado sobretudo nos Açores). Falou do sistema eleitoral: "Hoje, quase um quarto dos votos não estão representados no parlamento. Tivemos até hoje, em termos de cobertura mediática, 37 segundos. Não há igualdade, não é um sistema democrático. Realizamos ações de campanha e a comunicação social não vai. Ainda hoje estive no Martim Moniz [Lisboa] e não esteve nenhum órgão de comunicação social".

Estevão falou também de Justiça: "Queremos uma Justiça mais célere. Queixas anónimas: têm de ser reguladas; é uma bandalheira total. Escutas: há mais de 10 mil portugueses a serem escutados sem verificação decente, o que faz lembrar o Estado Novo. E queremos ver o trabalho do MP devidamente analisado."

João Pinto, do PCTP-MRPP, começou por dizer que não trazia coisas novas: "Não há nenhuma novidade especial em relação às nossas propostas". Partido de extrema-esquerda, pretende defundar o regime. "Quem toma as decisões deste país é Washington e Bruxelas. O que tem de se fazer é cortar com isso, é a revolução comunista. Cortar com a UE é uma necessidade absoluta para Portugal andar para a frente."

Disse ainda o dirigente que "todas as grandes empresas fogem aos impostos porque o sistema é intrincado e só quem não pode é que não foge; a única maneira é acabar com esta miríade de impostos e haver só um, fortemente progressivo".

Júlio Gourgel Ferreira, da Nova Direita, deu prioridade a alguns temas caros ao partido, como "a família, que está a ser esmagada, desde logo na questão fiscalidade", a habitação ("precisamos de construir mais, por exemplo através da construção modular"), a energia nuclear ("é uma energia limpa e mais barata, que pode ser exportada, o que criaria riqueza") e as quotas para imigrantes, nomeadamente "a imigração que antes resultava, a da lusofonia".

Rui Fonseca e Castro, nas suas várias intervenções, canalizou sempre os os temas para os imigrantes, fonte de todos os males e problemas. Fora desta receita, falou-se no debate que o Ergue-te defende a ilegalização dos sindicatos, embora Rui Fonseca e Castro tenha dito que discordava, mesmo sendo presidente do partido.

Joana Amaral Dias, cabeça-de-lista por Lisboa pelo ADN, centrou-se nos temas da corrupção e dos imigrantes. E que precisamos "de mais bebés" para combater a queda da natalidade.

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