Alguns negócios em regiões portuguesas menos turísticas, como Alentejo, Centro e Norte, tiveram, este ano, o melhor verão de sempre, o único fator positivo dentro do cenário negativo causado pela pandemia de covid-19, segundo o Turismo de Portugal.
O que sabemos, do ponto de vista do verão, é que as regiões menos turísticas são aquelas que têm sido mais procuradas, principalmente pelo turismo interno, portanto tem havido uma boa resposta do turismo nacional, indica o presidente da entidade nacional responsável pela promoção turística, Luís Araújo, em entrevista à agência Lusa.
Precisando que em causa estão, principalmente, Alentejo, Norte e Centro, o responsável assinala que algumas destas regiões estão a ter muito bons resultados.
Ainda não temos dados [oficiais], mas temos hoteleiros e projetos turísticos que tiveram o melhor verão de sempre, principalmente nestas zonas, de acordo com as informações transmitidas ao Turismo de Portugal, acrescenta.
E é também de acordo com o feedback do setor que Luís Araújo fala num turismo familiar este verão em Portugal, com períodos mais longos, procura por unidades de alojamento mais isoladas e mais individuais e regiões alternativas, com o alojamento a ter também grande crescimento nestas zonas.
É uma resposta positiva dentro daquilo que pode ser positivo, é dentro do negativo, porque não estamos nem de perto nem de longe a recuperar o que tínhamos em 2019. Estamos a recuar há alguns anos face ao que tínhamos, lamenta Luís Araújo.
Com o turismo nacional a representar cerca de um terço do total registado em Portugal, mesmo que duplicasse em 2020, nunca conseguiríamos chegar ao valor [total] que tivemos no ano passado em termos de receitas turísticas, que ascenderam aos 18,4 mil milhões de euros, explica.
A grande dificuldade está nas grandes cidades como Lisboa e Porto, no Algarve pela capacidade de oferta que tem - e também tem sofrido bastante principalmente com a questão do Reino Unido -, e na Madeira e Açores por causa da questão da conectividade, destaca o responsável.
Contextualizando que o turismo nacional vive dos grandes destinos, das cidades, do segmento de negócios e do setor dos eventos, que está duramente penalizado, com regras muito rígidas relativamente à organização de eventos, Luís Araújo fala em alguns desafios pela frente no setor.
Um deles é recuperar a segurança e confiança dos turistas, tanto nacionais como estrangeiros, nomeadamente da União Europeia (UE), e o outro centra-se nas questões financeiras, que cada um está a viver de maneira diferente.
Algumas previsões internacionais, como as da Organização Mundial de Turismo, estimam perdas globais entre os 50% e os 70% este ano devido à covid-19, pelo que Portugal não deve andar muito longe disso, perspetiva Luís Araújo.
Ainda assim, o responsável ressalva que tudo depende de fatores externos, como a questão do controlo da pandemia, as medidas que vão sendo implementadas ao nível da UE, de uma potencial vacina, do aumento da confiança do turismo [] e da retoma da capacidade aérea.
Certo é que o Turismo de Portugal está já a promover o país como um destino do ano todo, esperando assim ter trunfos para captar turistas até final do ano e no início do próximo, adianta Luís Araújo.
Luís Araújo é presidente do Turismo de Portugal desde 2016 e, esta semana, passou também a assumir a presidência da European Travel Commission, a entidade europeia para promoção do setor, cargo que vai acumular nos próximos quatro anos.