Primeiro-ministro relembra que "não há nada que proíba o exercício de atividades políticas", mas que o "diálogo há-de fazer-se" como aconteceu com os cabeleireiros e está a ser feito com a I Liga de futebol.
O primeiro-ministro, António Costa, assumiu que a festa doAvante!poderá realizar-se desde que cumpra as "normas de saúde pública" exigidas pela Direção Geral da Saúde devido à pandemia decovid-19. "Temos de ter em conta as especificidades das atividades", defendeu durante uma entrevista aoPorto Canal, quando questionado da possibilidade do festival do PCP, que marca também a rentrée política do partido, se realizar depois da proibição de eventos do género.
"Não há nada que proíba o exercício de atividades políticas, mas terão de respeitar as normas de saúde pública. Esse diálogo há-de fazer-se como estamos a fazer com a Liga e com os cabeleireiros", reforçou o primeiro-ministro, que acrescentou ainda que o protocolo sanitário para a realização dos jogos da I Liga de futebol ainda está a ser negociado. "É impossível fazer um jogo de futebol e, independentemente da lotação, dizer que as pessoas estão proibidas de se abraçarem porque as coisas não são assim", explicou, não deixando, porém, de reforçar que "os clubes da I Liga oferecem todas as condições para assegurar as condições de segurança de todos os jogadores, técnicos e profissionais".
O também secretário-geral do PS confessou que a decisão mais difícil que tomou ao longo do processo de gestão da crise sanitária provocada pelo novo coronavírus foi "a primeira", de fechar as escolas, ao perceber que o Governo "nunca ia ter informação científica suficientemente sólida para amparar" as suas decisões. "Até agora, felizmente, não me arrependi de nenhuma, mas sei que tenho sempre o pescoço no cutelo", atirou, assumindo também que o que mais lhe tem custado é a privação de contacto entre os idosos que estão nos lares e as suas famílias.
Na mesma entrevista, o chefe de Governo assumiu não ter dúvidas que o País irá enfrentar "novas vagas" desta pandemia e apela aos portugueses que, nessa altura, se mantenham serenos. "É fundamental que todos procuremos manter a serenidade porque o pânico é péssimo conselheiro. Se todos agirmos com a devida ponderação evitamos erros", recordou. O primeiro-ministro espera usar essa mesma ponderação para definir o seu programa de férias, visto que a praia que costuma frequentar tem um areal pequeno. "É dos temas mais delicados que temos pela frente, ainda não encontrei uma boa fórmula em que eu próprio acredite. Estou a ver se invento outro programa de férias, mas espero que as praias e as férias possam existir para permitir reanimar a atividade turística", disse.
Não à austeridade
A retoma económica é uma das principais preocupações do Executivo e Costa voltou a negar a austeridade como solução para resolver a crise provocada pelo covid-19, defendendo que só iria provocar mais problemas. "Aquilo que temos de fazer não é acrescentar austeridade à crise sanitária, económica e social. Temos de garantir que os postos de trabalho são preservados para estarmos todos nas melhores condições para relançar as empresas", defendeu o primeiro-ministro, acrescentando a necessidade de criar um clima de confiança para que os portugueses retomem as suas atividades. "Esta cadeia não vai ser restabelecida numa ou duas semanas, vamos viver este ano e no próximo ainda uma crise económica profunda como não temos memória de ter tido", alertou.
Ainda sobre economia interna, Costa defendeu que "a noçao de atraso é muito relativa", tendo em conta as queixas feitas aos prazos de pagamento dos lay-off. "No ano passado tratámos de 515 processos de lay-off entre fevereiro de 2019 e fevereiro de 2020. Neste mês e meio estamos a tratar de 103 mil", revelou.
Ainda assim, e tal como o ministro das Finanças, Mário Centeno, o líder do Executivo acredita que Portugal pode recuperar bem da crise. "Se conseguirmos continuar a conter a economia temos condições para sair desta situação em melhores circunstâncias do que aquelas em que entrámos", disse Costa, para quem o programa de recuperação europeu é fundamental para que o País tenha "os recursos financeiros necessários para apoiar as atividades económicas a fazer essa reconversão".
Para isso, é também fundamental que a Europa tenha "institinto de sobrevivência". "Temos de conseguir superar a posição da minoria de países que tem estado a bloquear. A Itália é uma das sete maiores economias do mundo. Não vai haver recuperação da economia europeia se Itália não recuperar a sua atividade", atirou.
A pandemia do novo coronavírus já matou 271.780 pessoas e infetou quase quatro milhões em todo o mundo desde dezembro. Portugal, com 1.114 mortes registadas e 27.268 casos confirmados é o 22.º país do mundo com mais óbitos e o 21.º em número de infeções.
Costa e o Avante!: "Terão de respeitar as normas de saúde pública"
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