Entidade Reguladora da Saúde nunca fiscalizou a qualidade da clínica onde o médico Artur Carvalho fez as ecografias do bebé que nasceu em Setúbal sem olhos, nariz e parte do crânio. Pelo menos desde que tinha, por lei, competências para o fazer. Agora, a relação entre a clínica e o Estado está a ser investigada.
AEntidade Reguladora da Saúde(ERS) nunca fiscalizou a qualidade da clínica onde o médico Artur Carvalho fez as ecografias do bebé que nasceu em Setúbal sem olhos, nariz e parte do crânio. Segundo avançou aTSFna quarta-feira, a ERS não fiscaliza a clínicaEcoSado há oito anos - altura em que ainda não tinha, por lei, a competência para fazer fiscalizações. Essa competência só foi adquirida em 2014.
As últimas fiscalizações, feitas em 2007 e 2011, não foram à qualidade dos serviços mas sim para efeitos de registo. "Por tal motivo, não será possível afirmar a conformidade do funcionamento da unidade", afirmou o regulador numa resposta escrita.
De acordo com a TVI, a clínica está a ser investigada pela Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT). "Diversas entidades estão a desenvolver processos sobre esta matéria, sendo que a ARSLVT está a acompanhar esses esforços e a desenvolver as suas próprias diligências. Assim, e respeitando a confidencialidade inerente ao processo de inquérito que decorre no seio desta instituição, a ARSLVT não vai adiantar informações sobre este assunto até que todas as diligências se encontrem concluídas", assegurou a ARSLTV.
À Lusa, esta quinta-feira, a ERS explicou que a clínica em causa foi fiscalizada apenas antes de terem sido atribuídas tais competências ao regulador. "Até ao momento, este estabelecimento não foi alvo de avaliação pela ERS, para efeito de monitorização e de verificação da observância dos requisitos de qualidade e de funcionamento dos serviços prestados", afirmou.
A ERS explica ainda que a EcoSado possui licença de funcionamento para as tipologias de atividade de clínicas e consultórios médicos e radiologia, "as quais foram emitidas ao abrigo do procedimento simplificado por mera comunicação prévia".
"Neste procedimento de licenciamento, a entidade responsável pela exploração do estabelecimento responsabiliza-se pelo integral cumprimento dos requisitos mínimos de funcionamento, não havendo lugar a vistoria prévia pela ERS", afirma a ERS, acrescentando que, por este motivo, não é possível "afirmar a conformidade do funcionamento da unidade".
O regulador diz ainda que, quando ocorre uma avaliação e monitorização, a verificação pela ERS do cumprimento dos requisitos técnicos mínimos de funcionamento pelas unidades privadas de saúde com atividade regulamentada pressupõe "a verificação da existência de equipamento médico e geral identificado nas respetivas Portarias de atividade" e "os resultados dos programas de garantia da qualidade e segurança".
"De notar que as fiscalizações promovidas pela ERS nunca pressupõem a avaliação da atividade desenvolvida pelos profissionais de saúde, sujeita à regulação e disciplina das respetivas associações públicas profissionais", sublinha o regulador.
Em julho, antes do caso do bebé Rodrigo ser noticiado, a ERS recebeu uma queixa contra a clínica por malformações graves num bebé - que também não foram detetadas numa ecografia, revelou a TSF. A reclamação foi encaminhada a 28 de agosto para a Ordem dos Médicos.
Em maio de 2007, no Hospital de Setúbal, o Ordem dos Médicos - fez o parto de uma grávida de alto risco. A bebé morreu seis meses depois. A mãe, Alexandra Santana, moveu um processo-crime contra o obstetra mas Artur Carvalho foi ilibado, revela o obstetra Artur Carvalho - agora suspenso pela Público.
Em maio de 2007, no Hospital de Setúbal, o Ordem dos Médicos - fez o parto de uma grávida de alto risco. A bebé morreu seis meses depois. A mãe, Alexandra Santana, moveu um processo-crime contra o obstetra mas Artur Carvalho foi ilibado, revela o obstetra Artur Carvalho - agora suspenso pela Público.
A Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) decidiu não abrir um inquérito autónomo ao caso do bebé que nasceu com malformações graves em Setúbal, mas acompanha o inquérito instaurado pelo Centro Hospitalar de Setúbal.
"O Conselho de Administração do Centro Hospitalar de Setúbal deliberou a abertura de processo de Inquérito sobre as circunstâncias noticiadas, pelo que, a IGAS apenas fará o acompanhamento do desenvolvimento do inquérito instaurado" pelo centro hospitalar, refere uma resposta da Inspeção enviada à agência Lusa.
Assim, a IGAS decidiu seguir o inquérito do hospital, num processo de acompanhamento.
(Notícia atualizada às 11:51)
Clínica de "bebé sem rosto" nunca foi fiscalizada pela ERS
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