Sábado – Pense por si

Cavaco: Legalização sobre a eutanásia é a "decisão mais grave" que o Parlamento pode tomar

25 de maio de 2018 às 23:13
As mais lidas

Cavaco Silva questiona como podem "os actuais deputados votar a favor da legalização da eutanásia quando nas eleições de 2015 os eleitores não lhe concederam um mandato para isso".

O antigo Presidente da República Cavaco Silva considerou a legalização da eutanásia "a decisão mais grave" para a sociedade portuguesa que o parlamento pode tomar, apelando a que nas próximas eleições não se vote nos partidos que forem favoráveis.

Cavaco Silva
Cavaco Silva
Cavaco Silva
Cavaco Silva

Em declarações àRádio Renascença, Cavaco Silva explicou que, como na sua opinião, está "em causa a defesa e a dignidade da vida humana", entendeu que "devia fazer uso das duas armas" que lhe restam como cidadão: a sua voz e o seu direito de voto nas próximas eleições legislativas.

"Considero a legalização da eutanásia a decisão mais grave para a sociedade portuguesa que a Assembleia da República pode tomar", criticou.

"Como cidadão, sem responsabilidades políticas", o antigo chefe de Estado considera que aquilo que pode fazer para manifestar a sua discordância com a despenalização da morte medicamente assistida é utilizar o "direito de voto contra aqueles que votarem a favor da eutanásia".

"Nas eleições legislativas de 2019 não votar nos partidos que apoiarem a legalização da eutanásia e procurar explicar àqueles que me são próximos para fazerem a mesma coisa. Trata-se de uma votação com tais consequências para a sociedade portuguesa que, como eleitor, em 2019, eu não me posso esquecer daquilo que os deputados fizerem agora", disse.

Cavaco Silva questiona como podem "os actuais deputados votar a favor da legalização da eutanásia quando nas eleições de 2015 os eleitores não lhe concederam um mandato para isso".

O que está em causa, de acordo com o antigo Presidente da República, "é a vida humana", questionando "como podem os deputados ignorar" o parecer dos profissionais de saúde, o parecer do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida e a posição das várias religiões em que os portugueses se revêem.

"Cada português deve pensar o que é que significa uma pessoa, um médico, ser autorizado por lei da Assembleia da República a matar uma outra pessoa. Se tal acontecer a nossa sociedade está a quebrar uma barreira e a dar um salto no desconhecido muito, muito perigoso", avisou.

Os quatros projectos de lei para despenalizar e regular a morte medicamente assistida em Portugal vão ser debatidos e votados, na generalidade, na terça-feira na Assembleia da República.

Nas bancadas do PSD e do PS, que no total somam 175 dos 230 deputados, haverá liberdade de voto.

O partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN) foi o primeiro a apresentar um projecto, ainda em 2017, seguido pelo BE, pelo PS e o Partido Ecologista "Os Verdes" (PEV).

Todos os diplomas prevêem que só podem pedir, através de um médico, a morte medicamente assistida pessoas maiores de 18 anos, sem problemas ou doenças mentais, em situação de sofrimento e com doença incurável, sendo necessário confirmar várias vezes essa vontade.

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!