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Cavaco alerta que cargo de Presidente exige "qualificações específicas"

Ex-primeiro-ministro social-democrata, sublinha que "não cabe ao Presidente (PR) legislar ou decidir e executar políticas, embora goze de um amplo espaço de intervenção pública".

O antigo presidente da República Portuguesa Cavaco Silva destacou esta sexta-feira que os candidatos a chefe de Estado "podem prometer tudo e mais alguma coisa e dizer os maiores disparates", mas o posto implica "qualificações específicas".

Cavaco Silva
Cavaco Silva Tiago Sousa Dias

Em artigo publicado no semanário Expresso, o também ex-primeiro-ministro social-democrata (1985-1995), sublinha que "não cabe ao Presidente (PR) legislar ou decidir e executar políticas, embora goze de um amplo espaço de intervenção pública".

"São situações de tal forma decisivas para o futuro do País que desaconselho quem quer que seja a votar em candidatos que não sejam possuidores das qualificações específicas exigidas, independentemente dos predicados que possuam ter noutros domínios", defendeu.

Cavaco Silva começou por relembrar que trabalhou com os antigos presidentes Ramalho Eanes e Mário Soares, em "mais de 300 reuniões a sós", ainda no cargo de chefe do executivo, e que, como PR, (2006 e 2016), lidou com os primeiros-ministros José Sócrates (PS), Pedro Passos Coelho (PSD) e António Costa (PS).

"Em janeiro de 2026, os portugueses serão chamados a escolher o mais alto magistrado da Nação, o Presidente da República para os próximos cinco anos. É uma escolha muitíssimo importante para o futuro do País", alertou.

Para Cavaco Silva, estar no Palácio de Belém significa "uma magistratura de influência ativa e a atuação como reserva de último recurso no caso de o País ser atingido por uma crise grave ou de uma lesão do superior interesse nacional".

O antigo PR deu a sua 'receita': "Respeito da Constituição e dos procedimentos da democracia, defesa da estabilidade política, isenção e independência em relação às diferentes forças partidárias e às tensões entre Governo e Oposição, sobriedade e não alimentar intrigas políticas em relação a quem quer que seja", falando "verdade aos Portugueses".

"O respeito destas regras e procedimentos de bom-senso, verdadeiros pilares do exercício das funções de um qualquer digno Presidente, é condição necessária à sua atuação na defesa dos superiores interesses nacionais. Condição necessária mas não suficiente", disse.

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