Questionado se o PSD de hoje ainda está no mesmo sítio da sua fundação por Pinto Balsemão, Passos considerou que não.
O antigo primeiro-ministro Pedro Passos Coelho recordou Francisco Pinto Balsemão como "uma figura marcante da democracia" portuguesa e admitiu que o PSD de hoje é diferente do de então, o que considerou natural.
Passos recorda Balsemão, figura da democracia, no Mosteiro dos JerónimosANTÓNIO COTRIM/LUSA
"Tudo o que não evolui, morre. As instituições são outras, o passado que temos atrás de nós foi muito importante para definir o que somos e como aqui chegámos, mas não é o que nos define para o futuro", afirmou Pedro Passos Coelho aos jornalistas, à saída do velório de Pinto Balsemão, que decorre no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa.
Depois de ficar mais de uma hora na fila, - recusando vários convites para passar à frente pelo protocolo, como as outras altas individualidades - Passos sublinhou que acompanhou desde muito jovem o percurso político de Balsemão, tendo participado aos 16 anos no Conselho Nacional que o designou primeiro-ministro em 1980, após a morte trágica de Francisco Sá Carneiro.
"Ele é com certeza uma das personalidades que figurará entre as mais significativas e as maiores do nosso Portugal dos últimos 50, 60 anos", destacou.
Passos lembrou os tempos conturbados, politica e economicamente, mas recusou fazer quaisquer paralelismos com os executivos que liderou entre 2011 e 2015, quando o país estava sob assistência financeira.
"São questões muito diferentes, não queria estabelecer esse tipo de paralelo, são circunstâncias mesmo muito diferentes", disse.
Já questionado se o PSD de hoje ainda está no mesmo sítio da sua fundação por Pinto Balsemão, Passos considerou que não
"Não pode estar, porque o Portugal de hoje não é o Portugal de 1974. Todos nos deslocámos, não foi só o PSD, foi o país inteiro, não há nenhuma similitude entre as expectativas que existiam em 1974 e aquilo que se tinha seguido à Revolução, com aquilo que se passa hoje, é completamente diferente", disse.
O antigo presidente do PSD considerou que a mudança aconteceu no mundo inteiro, admitindo que hoje "existe um vento que sopra com mais força do lado da direita".
"Isso evidentemente não é eterno, mas significa que os problemas hoje são problemas muito diferentes daqueles que enfrentávamos em 1974, as respostas não podem ser as mesmas, a maneira de pensar não pode ser a mesma", considerou.
Questionado diretamente se o PSD navegou um pouco mais para a direita, Passos lembrou que também o PS evoluiu em Portugal, porque "tudo o que não evolui, morre".
"As instituições têm de se adaptar aos novos desafios, aos novos tempos, assim como as pessoas têm hoje expectativas muito diferentes daquelas que tinham quando estavam a construir uma sociedade democrática, que hoje é uma sociedade que está construída, tem os seus problemas, evidentemente, tem os seus desafios, mas são de outra natureza", disse.
Sobre Pinto Balsemão, Passos Coelho quis destacar, além dos contributos na vida política e para a liberdade de imprensa, outros dois que considerou estarem a ser menos falados.
Por um lado, o papel que teve para que Portugal subscrevesse avanços importantes na participação das mulheres na vida cívica e, na frente externa, "na reaproximação de Portugal com as suas ex-colónias, com os países africanos de língua oficial portuguesa".
"Foi a primeira grande reaproximação do Governo português com os governos desses países", salientou.
Em resumo, considerou que Pinto Balsemão foi "uma figura que marca de uma forma muito significativa aquilo que foi a sociedade portuguesa, a cultura portuguesa, a democracia portuguesa".
Francisco Pinto Balsemão, antigo líder do PSD, ex-primeiro-ministro e fundador do Expresso e da SIC, morreu na terça-feira aos 88 anos.
O Governo decretou luto nacional para hoje e quinta-feira, dias em que decorrem as cerimónias fúnebres.
O velório de Francisco Pinto Balsemão realiza-se hoje desde as 18:30 em Lisboa, no Mosteiro dos Jerónimos, e a missa decorre no mesmo local às 13:00 de quinta-feira.
Balsemão. Passos lembra "figura marcante da democracia"
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