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500 pessoas em protesto contra despejos de casas e bairros

"Estamos aqui em protesto contra os despejos em Lisboa, mas não só. Também na Amadora, em Almada, no Porto e em muitos outros sítios", diz uma das organizadoras da concentração.

Cerca de 500 de pessoas estão concentradas na Avenida da Liberdade, em Lisboa, para protestar contra os despejos das casas e bairros, sobretudo lisboetas, por investidores que pretendem lucrar com o imobiliário.

Várias pessoas estão a dar depoimentos de casos de pessoas despejadas ou que não conseguem arranjar casa porque os preços, quer de venda, quer de arrendamento, se tornaram demasiado altos para os portugueses.

"Estamos aqui em protesto contra os despejos em Lisboa, mas não só. Também na Amadora, em Almada, no Porto e em muitos outros sítios", disse à Lusa uma das organizadoras da concentração, Rita Silva.

A ação decorre à volta de mobília trazida para a rua e que vai ser mudada para a zona do Rossio, cerca de 500 metros à frente, como forma simbólica de pedir alterações e de lembrar as mudanças que muitos moradores têm de fazer.

A manifestação de hoje marca o final de um mês de ações no âmbito de um festival, que juntou grupos, artistas e pessoas individuais "em defesa da cidade para as pessoas", explicou.

Os vários grupos, que pretendem dar início a outras ações de protesto e reivindicações de mudanças de políticas, adotaram um manifesto, no qual referem que não aceitam "a lógica da cidade-lucro, do bairro-montra e da casa-investimento" dos investidores especuladores.

"Queremos casas que sirvam para morar, bairros onde possamos construir as nossas vidas, e cidades decididas por quem nelas vive", refere o manifesto.

O manifesto enumera ainda várias reivindicações, como o fim dos despejos e das demolições sem alternativa, a regulação das rendas para criar um teto máximo ou a existência de mais habitação pública de qualidade, à imagem do que existe na Holanda, na Áustria ou em França.

Além disso, a organização quer "usufruir do espaço público e de espaços sociais", como praças, largos e passeios ao abandono ou concessionados a privados, e pede uma "mudança radical no modelo de governança e de desenvolvimento das cidades", que, segundo refere, "têm sido planeadas e construídas para o lucro e não para as pessoas que nela vivem".

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