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Trump e príncipe André entre os nomes mencionados no caso Epstein

Entre os nomes agora revelados está também o do antigo presidente dos Estados Unidos Bill Clinton. Mais documentos devem tornar-se públicos nas próximas semanas.

Foram divulgados esta quinta-feira centenas de documentos até agora classificados do processo judicial relacionado com Jeffrey Epstein, que foi acusado de tráfico sexual. Entre os nomes que constam dos documentos agora revelados estão Donald Trump e, como havia já sido previsto anteriormente, o príncipe André e Bill Clinton.

New York State Division of Criminal Justice Services/Handout via REUTERS

O total dos documentos, incluindo o material ainda por revelar, deverá conter cerca de 200 nomes, incluindo algumas das pessoas que terão sido vítimas do esquema de tráfico sexual de Epstein. Esta primeira leva, segundo a CNN, não contém material novo, tendo o mesmo vindo a ser divulgado pelos meios de comunicação social nos últimos anos.

No total são quase 200 documentos legais relacionados com o caso de difamação movido por Virgina Giuffre contra Ghislaine Maxwell que serão disponibilizados ao longo das próximas semanas. Esta divulgação acontece depois de um acórdão ter sido alvo de acordo fora de tribunal, tendo o jornalMiami Heraldapresentado uma petição para que os documentos fossem tornados públicos. A juíza nova-iorquina Loretta Preska deu razão aoHerald e ordenou a divulgação dos documentos em questão. Entre os documentos tornados públicos nos próximos dias devem constar deposições, emails, documentos legais, entre outros.

Segundo o jornal britânico The Telegraph, nos documentos deve constar o testemunho de Johanna Sjoberg, jovem que afirma ter estado com o príncipe André e Giuffre, na sua casa em Nova Iorque, em 2001. Giuffre afirmou, na sua denúncia, que nesse encontro foi forçada a ter relações sexuais com o membro da família real britânica. O jornal refere que estes testemunhos agora revelados possam dar força à acusação feita por Giuffre e desmentir o filho de Isabel II que sempre negou as mesmas. 

Sjoberg declarou que foi apalpada por André numa festa na casa de Epstein em Manhattan, em 2001. O Palácio de Buckingham disse que as alegações eram "categoricamente falsas". Sjoberg contou que nessa festa foi apalpada enquanto estava sentada num sofá com o príncipe, Giuffre e um boneco do programaSpitting Image(uma espécie deContra Informaçãobritânico) com a imagem do príncipe. No seu depoimento, a mulher referiu que o boneco tinha a mão por cima do peito de Giuffre e que, para imitar a sua imagem, o príncipe André colocou a sua mão sobre o peito de Sjoberg. Maxwell negou as acusações de ter oferecido o boneco ao príncipe e que não se lembrava do acontecimento descrito.

Nos documentos agora tornados públicos, é revelado um depoimento de Sjoberg que recordou um episódio em que estava com Epstein num dos seus aviões e os pilotos informaram-nos de que tinham de aterrar em Atlantic City. Epstein sugeriu então que contactassem Donald Trump: "Ótimo, vamos telefonar a Trump e vamos para - não me lembro do nome do casino, mas - vamos para o casino", lembrou a mulher. Mais tarde, Sjoberg disse no seu depoimento que nunca deu uma massagem a Trump. Nos documentos, Trump não é acusado de qualquer irregularidade relacionada com Epstein.

Até ao momento as 187 figuras que apareciam nos documentos legais referentes ao caso do magnata acusado de tráfico sexual eram tratadas apenas como "John Doe" e "Jane Doe" (nomes usados em países anglo-saxónicos para se referir a pessoas cuja identidade é desconhecida ou mantida em segredo). No entanto, desde terça-feira, 2 de janeiro, que os seus nomes já podem ser conhecidos depois da decisão da juíza Loretta Preska. 

Segundo a investigação, Epstein levava as mulheres para as suas propriedades: uma mansão em Manhattan, outra em Palm Beach, uma ilha privada nas Ilhas Virgens Britânicas ou um rancho nos arredores da Santa Fé, no Novo México.

Em dezembro de 2021, Ghislaine Maxwell foi condenada a 20 anos de prisão por tráfico humano com fins sexuais. Jeffrey Epstein morreu em 2019, por suicídio, quando aguardava julgamento. Depois da condenação de Maxwell, a justiça norte-americana considerou que o caso estava encerrado, pelo que não é provável que haja mais processos a ser abertos depois de a lista ser revelada.

Em abril de 2023, o Wall Street Journalrevelou o calendário privado de Jeffrey Epstein, que incluíam reuniões com pessoas como o diretor da CIA William Burns, da antiga conselheira da Casa Branca Kathryn Ruemmler, do realizador Woody Allen, do bilionário Bill Gates ou do ativista Noam Cho.

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