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Tráfico de crianças a aumentar nas Ilhas Canárias: "Vivemos num mundo onde há monstros"

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Uma investigação ao desaparecimento de 13 menores no arquipélago revelou uma rede que atuava entre a Costa do Marfim, Espanha e Marrocos.

O fluxo migratório ilegal nas Ilhas Canárias - localizadas em pleno Oceano Atlântico - tem dado aso a uma crise no sistema da assistência social do arquipélago espanhol, permitindo que centenas de crianças estrangeiras sejam dadas como desaparecidas, algumas sem deixar rasto, enquanto outras acabam por ser reencontradas em redes de tráfico humano, como a que foi recentemente desmantelada no Âmbito da Operação Tritão.

Crianças 'circulavam' entre a Costa do Marfim, Espanha e França
Crianças 'circulavam' entre a Costa do Marfim, Espanha e França DR

Entre novembro de 2024 e maio deste ano foi reportado o desaparecimento de 13 menores de um lar de acolhimento em Lanzarote e uma investigação expôs uma rede de tráfico internacional entre a Costa do Marfim, Espanha e Marrocos, segundo conta o jornal inglês, 'The Telegraph'. Onze pessoas foram detidas, das quais quatro permanecem sob custódia, enfrentando acusações como tráfico humano, falsificação de documentos, posse de pornografia infantil, maus tratos e obstrução à justiça. As 13 crianças em questão ainda não foram encontradas.

Francisco Candil, jurista, catedrático de Direito Civil e conselheiro do Governo das Canárias, contou ao jornal espanhol 'La Voz' que a sua equipa está a trabalhar para melhorar os protocolos e a segurança das crianças no lar em Lanzarote.  “Vivemos num mundo onde existem monstros. Tanto para crianças em lares como também aquelas em famílias tradicionais”, reconhece.

No ano passado, as Canárias foram o território espanhol que mais reportou o desaparecimentos de menores, com um número a rondar os 4.500 casos, 700 dos quais relativos a crianças em lares de acolhimento. Em 2025 já foram reportados mais 300 casos.

Os 86 lares espalhados pelas ilhas acolhem 37% de todos os menores não acompanhados em Espanha e estão no limite da capacidade, com autoridades responsáveis por manter estas crianças em segurança a admitir que mal conseguem acompanhar o paradeiro dos menores ao seu cuidado.

Fontes próximas do governo admitiram ao jornal britânico 'The Telegraph' que é impossível impedir o desaparecimento de adolescentes em instituições. Para além das raparigas do lar de Arrecife, também foi reportado o desaparecimento de um rapaz em San Bartolomé de Tirajana.

A Operação Tritão revelou “uma rede perfeitamente organizada”, que se expandia até três mil quilómetros, começando a jornada em Marrocos, passando temporariamente por Espanha e terminando por fim, em França. Onze pessoas foram detidas sob suspeita de tráfico de menores, nove em Lanzarote, uma em Las Palmas e outra em Madrid. Durante as buscas a duas casas em Lanzarote, a polícia apreendeu documentos falsificados, equipamentos eletrónicos e dinheiro físico. A investigação continua em aberto.

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