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Terceiro primeiro-ministro a renunciar num ano. O que vai acontecer agora em França?

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Macron pode nomear outro primeiro-ministro, convocar eleições antecipadas ou demitir-se, a dois anos das próximas eleições presidenciais. Para já, pediu "negociações finais" para uma "plataforma de ação" e deu até quarta-feira.

Sébastien Lecornu depois de anunciar o seu governo e 27 dias após de ser nomeado primeiro-ministro, agravando a crise política vivida em França.  

Homem caminha para edifício entre bandeiras da França e União Europeia
Homem caminha para edifício entre bandeiras da França e União Europeia Stephane Mahe/Pool via AP

A política francesa tem passado por momentos conturbados desde que Macron convocou eleições antecipadas no ano passado e os resultados originaram uma legislatura profundamente fragmentada. Desde as eleições de 30 de junho de 2024 tentaram liderar o executivo francês Michel Barnier, d' Os Republicanos, François Bayrou, do Movimento Democrático, e agora Sébastien Lecornu, do Renascimento - Territórios do Progresso. 

Sébastien Lecornu, que se tornou no primeiro-ministro com o menor mandato desde 1958 – ano em que começou a Quinta República -, procurou conseguir um consenso com os outros partidos da Assembleia Nacional e não quis utilizar o artigo 49.3 da Constituição, que os seus antecessores usaram para forçar a aprovação dos orçamentos sem votação.

Com a bola do seu lado e numa tentativa de evitar eleições antecipadas, Emmanuel Macron pediu a Lecornu que tentasse conduzir "negociações finais até quarta-feira à noite" para uma "plataforma de ação". Se não for bem-sucedido, o presidente francês pode nomear outro primeiro-ministro, convocar eleições antecipadas ou demitir-se quando ainda faltam dois anos para as próximas eleições presidenciais.  

Foram já várias as vezes que Macron afirmou que não se pretende demitir, no entanto, a sua autoridade tem vindo a diminuir no panorama nacional e manter a estabilidade até 2027 pode ser difícil. Ainda assim, a nível internacional o presidente francês tem conseguido manter a influência, continuando a ser um dos líderes mundiais mais vocais relativamente à guerra na Ucrânia e à situação em Gaza.  

Um dos principais problemas é que o parlamento se encontra dividido em três blocos: a esquerda, a extrema-direita e o centro e nenhum deles tem uma maioria clara. Além disso, os blocos dos extremos ultrapassam os 320 deputados enquanto os centristas têm apenas 210.

Ainda assim, o orçamento do Estado para o próximo ano tem de ser aprovado dentro de poucas semanas.

Partidos dos extremos querem eleições

O Reagrupamento Nacional já pediu que Macron convoque eleições antecipadas ou renuncie. Marine Le Pen defendeu: “Isto levanta uma questão para o Presidente da República: ele conseguirá continuar a resistir à dissolução da legislatura? Chegámos ao fim de linha. Não há outra solução. A única atitude sensata nestas circunstâncias é voltar às urnas”. 

No campo político oposto, a França Insubmissa pediu a saída de Macron enquanto os outros partidos à esquerda pediram a revitalização de uma coligação formada por esquerdistas, socialistas, verdes e comunistas.  

Depois do anúncio, Sébastien Lecornu criticou os partidos que não quiseram chegar a um acordo devido aos seus “egos” políticos e “apetites partidários” que fazem com que se comportem como se tivessem maioria absoluta no parlamento.

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