Ariel Muzicant responsabilizou o Irão pelo conflito, uma vez que está por detrás dos diferentes movimentos e organizações que considerou serem "terroristas".
O presidente do Congresso Judaico Europeu (CJE) acusou esta sexta-feira o Irão de planear com o Hamas o ataque de 07 de outubro contra Israel, aproveitando as vulnerabilidades de um Governo a braços com crises internas.
REUTERS/Herwig Prammer
Numa entrevista à agência Lusa em Lisboa, onde presidiu a uma reunião do Comité Executivo do CJE, que termina esta sexta-feira, Ariel Muzicant responsabilizou o Irão pelo conflito, uma vez que está por detrás dos diferentes movimentos e organizações que considerou serem "terroristas" e "todos iguais", como o grupo Estado Islâmico (EI), Irmandade Muçulmana, Hezbollah, Jihad Islâmica e Hamas.
"Não há dúvida de que a crise em Israel foi a base para este acontecimento. As perturbações internas, os combates, as manifestações, o facto de existirem tantos problemas na Cisjordânia foram das principais razões que levaram o Hamas a fazer o que fez. Por outro lado, atribuir a culpa apenas a esse facto seria completamente errado. O Hamas planeou isto durante anos, não é algo que tenham feito na semana passada. Planearam isto em conjunto com o Irão desde 2021", afirmou.
Garantindo que o exército israelita tem capacidade para "erradicar" o Hamas, e, se tal for necessário, também o Hezbollah, Jihad Islâmica e Estado Islâmico, Muzicant admitiu, contudo, não ter uma explicação para o falhanço dos serviços secretos israelitas na previsão do ataque do grupo islamita a Israel,
"Eles não sabem. Como é que eu posso saber? Não sou um especialista em segurança de Israel. Com todo o respeito. Não sei", respondeu, quando questionado pela Lusa, sublinhando, porém, que as autoridades israelitas estão numa "luta contra o mal", contra "organizações bárbaras e não contra os palestinianos".
"E enquanto existirem tais organizações, não teremos paz, nem em Israel, nem em qualquer outro lugar. Temos o EI, temos o Hamas, temos o Hezbollah, e é tudo o mesmo tipo de organização bárbara que quer trazer de volta o Califado e quer exterminar todos os que se lhe opõem. E, já agora, querem também trazê-lo de volta a Espanha e a Portugal", sustentou.
"Uma vez que esta era uma terra muçulmana, um dos seus planos é trazer de volta o Califado a Espanha e Portugal. Basta ler o que eles estão a escrever e a dizer. Eles querem levar o Califado e a Sharia e todas as suas ideias a todo o mundo. E, definitivamente, o que querem é a completa aniquilação de Israel e do povo judeu. Não é difícil de entender. Lê-se o que dizem, o que os seus líderes têm escrito e dito. Vejam o que a Irmandade Muçulmana está a dizer, o que a Al-Qaida estava a dizer, o que o EI estava a dizer, o que o Hamas está a dizer. É tudo a mesma merda", afirmou, assumindo não se importar com o adjetivo utilizado.
Para Muzicant, que defende a solução de dois Estados independentes, mas não a qualquer custo, a solução para o problema passa pela eliminação do Hamas, que controla a Faixa de Gaza desde 2007, para que os palestinianos, "todos eles próprios vítimas" deste movimento considerado terrorista por União Europeia e Estados Unidos, possam ser livres.
"Toda a Palestina, e especialmente a Faixa de Gaza, foi vítima do Hamas. Não têm vivido uma vida normal desde que o Hamas tomou o poder em 2006. Têm estado sob o cerco do Hamas e não de Israel. A fronteira só aconteceu quando o Hamas começou a aterrorizar os civis israelitas com foguetes. Entre a saída de Gaza e a tomada de poder pelo Hamas, houve um período em que a Faixa de Gaza estava aberta, em que não havia bloqueio. As pessoas gostam de se esquecer disso. Foi depois de o Hamas ter iniciado o terrorismo que Israel bloqueou a Faixa de Gaza", argumentou.
Instado pela Lusa sobre o facto de Israel continuar a construir colonatos nos territórios ocupados na Cisjordânia, Muzicant lembrou que, nos acordos de paz de Oslo, em 1993, o então líder da Organização de Libertação da Palestina (OLP), Yasser Arafat, concordou que as fronteiras entre os dois territórios seriam definidas em negociações.
"Concordaram em sentar-se, negociar as fronteiras definitivas e encontrar uma solução para a existência de dois Estados. E o que Arafat fez foi, no dia seguinte, começar a bombardear autocarros, a matar civis, a intifada, etc. Podem culpar o colonato, mas, no fim de contas, enquanto não houver uma liderança na Autoridade Palestiniana que queira a paz e aceite que existe um Estado judeu e um Estado palestiniano, não haverá paz", sustentou.
"Defendo a ideia de que os judeus e os palestinianos podem viver em qualquer lugar, mas não pode haver um Estado palestiniano sem judeus e com dois milhões e meio de palestinianos a regressar a Israel. Era isso que Arafat queria e é isso que [o Presidente da Autoridade Palestiniana] Mahmoud Abbas está a querer, e essa não é a solução de dois Estados. Isso é a destruição de Israel", defendeu Muzicant.
"Se querem destruir o Estado de Israel através da chamada solução de dois Estados, em que dois milhões e meio de palestinianos regressam a Israel, isso é a destruição do Estado de Israel e do Estado judaico por outros meios, e isso não vai acontecer. Um Estado palestiniano não pode ser unificado, não pode ser sem judeus", acrescentou.
Presidente do Congresso Judaico Europeu acusa Irão de planear ataque com Hamas
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