Serão criados de selecção que vão determinar o estatuto a atribuir aos migrantes que chegam à Europa. A sua finalidade será seleccionar os refugiados, com direito a permanecer na União Europeia, os migrantes económicos e os cidadãos estrangeiros que podem ser repatriados para os países de origem. Assim, os migrantes que cheguem a território comunitário serão enviados para esses centros de selecção, onde deverão permanecer até que recebam (ou não) o estatuto de protecção.
A adesão ao acordo não é obrigatória, o que significa que cada Estado participa no novo plano de forma voluntária.
"No território da União Europeia aqueles que são resgatados (no mar) de acordo com o Direito Internacional, devem ser acolhidos, com base num esforço conjunto, mediante a passagem por centros controlados e instalados nos Estados membros, de forma voluntária, onde um processamento rápido e seguro permitiria, com total apoio da UE, distinguir entre pessoas em situação irregular e refugiados", refere o documento final.
No entanto, existem algumas indefinições relativamente às zonas de desembarque. "O Concelho Europeu [no qual participou o primeiro-ministro português] pede à Comissão Europeia para explorar de forma rápida o conceito de plataformas de desembarque regional em estreita cooperação com países terceiros, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados e a Organização Internacional para as Migrações", explica o documento dos 28.
As plataformas devem operar "fazendo as devidas distinções das situações individuais, em conformidade com o Direito Internacional e sem criar um efeito de chamada".
Os líderes europeus não mencionam os países envolvidos, já que os Estados devem dar primeiro o consentimento sobre a instalação das infra-estruturas.
Após o encontro – e na sequência do aumento das chegadas de pessoas através do Mediterrâneo Ocidental – os líderes da Europa garantiram que a União Europeia "vai apoiar financeiramente e de outras formas todos os esforços dos Estados membros, especialmente Espanha e países de origem e de trânsito - em particular Marrocos - como forma de prevenção à imigração ilegal".
Devido aos recentes acontecimentos relacionados com o navio da organização não-governamental alemã Lifeline, os líderes europeus sublinham que todos os navios que operam no Mediterrâneo "devem respeitar as leis aplicáveis e não obstruir as operações da guarda costeira da Líbia".
Entre outras medidas, foi pedido um esforço adicional para implementar o acordo migratório com a Turquia e foi estabelecido um compromisso para a transferência de 500 milhões de euros para o fundo fiduciário da União Europeia para África instando os vários Estados do bloco europeu a aumentar o valor das doações.
Sobre os "movimentos secundários" - que se realizam para países como a Alemanha desde Estados membros onde chegam pessoas que pedem asilo, o documento refere que a situação "põe em risco a integridade do Sistema Comum Europeu de Asilo e o Acordo de Schengen" e exigem a todos os países a tomar medidas legislativas e administrativas para travar o trânsito de pessoas.
Sobre a reforma do sistema de asilo europeu as conclusões destacam "progressos" atingidos nos últimos meses.
A reunião começou às 15 horas (13:00 em Lisboa) em Bruxelas e prolongaram-se durante mais de 13 horas, nove das quais foram dedicadas ao debate migratório e sob a ameaça de um possível veto de Itália e as reticências do Grupo de Visegrado (Polónia, Hungria, República Checa e Eslováquia).
O primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, decidiu bloquear todas as conclusões da primeira parte da cimeira até conseguir um acordo satisfatório em matéria de imigração.
A primeira sessão de trabalho abordou questões relacionadas com avanços nas políticas de segurança e defesa, situação do comércio global no quadro das imposições alfandegárias dos Estados Unidos, o marco financeiro plurianual para o período 2021-2027 e ainda foi debatido o processo relacionado com o avião de passageiros MH17 que foi abatido quando sobrevoava a Ucrânia em 2014.
Os líderes da União Europeia, por outro lado, acordaram prolongar mais seis meses as sanções económicas à Rússia por causa do envolvimento de Moscovo na crise separatista no leste da Ucrânia e por falta de empenho dos acordos de paz de Minsk.
No final, o presidente francês Emmanuel Macron e a chanceler alemã, Angela Merkel, destacaram a solução europeia encontrada para a imigração, uma situação que está a provocar uma crise política no governo de Berlim.