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"Violação é violação", afirmou Gisèle Pelicot em tribunal, assegurando que nunca deu o seu consentimento para as sessões de sexo com desconhecidos que o seu marido promovia depois de a drogar.
Gisèle Pelicot, a mulher que foi violada por dezenas de homens a convite do próprio marido, apelidou os homens que participaram na sua violação de "degenerados" e sublinhou que "violação é violação", negando haver nuances, como sugeriu a defesa dos arguidos.
REUTERS/ZZIIGG
Está a decorrer, em Avignon, França, o julgamento de Dominique Pelicot e de mais de 50 homens que abusaram sexualmente de Gisèle ao longo de uma década. Em tribunal, o ex-marido da francesa reconheceu ter drogado a mulher e de ter convidado estranhos a irem até sua casa para a violar enquanto esta estava inconsciente. E negou as alegações de que os arguidos não sabiam que as relações sexuais não eram consensuais.
Durante a audiência em tribunal, um advogado de defesa declarou que "há violações e há violações", insinuando que estas violações não seriam tão graves como aquelas que implicavam força para submeter uma mulher desperta ao ato. A defesa tentou ainda argumentar que muitos dos homens que foram gravados a violar a mulher achavam que estavam a participar numa fantasia de casal. Em resposta, Gisèle afirmou: "Não, não há diferentes tipos de violação. Violação é violação". O advogado da defesa pediu-lhe desculpa, explicando que pretendia distinguir a definição legal da mediática, lamentando que as suas "observações a tenham magoado e chocado", escreve o jornal Le Parisien.
A mulher disse ainda que se sentiu humilhada por terem lançado suspeitas de que estaria a mentir. "Acusaram-me de ser alcoólatra, disseram que eu estava embriagada e fui cúmplice", referiu ainda. "É tão humilhante e degradante ouvir isso. Eu encontrava-me num estado de coma e os vídeos que serão mostrados atestam isso."
Gisèle atacou ainda os homens que a violaram: "Não se questionaram? O que são estes homens? Degenerados?". Entre os arguidos encontram-se um jornalista, um enfermeiro, um polícia, um guarda prisional, entre outros. "Nem por um segundo dei o meu consentimento ao senhor Pelicot, nem a estes homens", reiterou a mulher, que foi casada por 50 anos com o principal acusado e que, ao longo dos dez anos em que duraram as violações, nunca suspeitou do crime por não estar consciente.
Na sessão desta quarta-feira foram mostrados à sala de audiência os vídeos gravados por Dominique de mais de 50 homens a violar a mulher. A pedido de Gisèle, os filhos do casal (já adultos) não estiveram presentes no momento nem que as imagens foram mostradas na sala. "Eles não aguentavam", disse a vítima que tinha pedido que as imagens fossem mostradas em tribunal como forma de mostrar que as violações tinham de facto acontecido. Gisèle fez também questão que o julgamento fosse público e não à porta fechada.
O julgamento começou a 2 de setembro e deve prolongar-se até dezembro.
Tal como fez Dominique Pelicot na véspera, o primeiro dos 50 corréus, Jean-Pierre M., de 63 anos, admitiu ser um "violador". Ele é o único que não está a ser processado por agredir sexualmente Gisèle Pelicot, mas a sua própria esposa, imitando o mesmo cenário criminoso idealizado por Dominique Pelicot. "Amo a minha mulher (...) Estou na prisão e mereço isso. Fiz coisas repugnantes. Sou um criminoso e um violador", admitiu este ex-funcionário de uma cooperativa. "O que fiz é chocante, quero uma punição severa", acrescentou. O homem é acusado de ter drogado a sua mulher entre 2015 e 2018 com ansiolíticos fornecidos por Pelicot, de violentá-la e permitir que este último também abusasse dela. Dominique Pelicot propôs-lhe inicialmente que "violentasse" a sua esposa, Gisèle, "várias vezes". Mas "neguei-me a isso", assegurou Jean-Pierre M.
O julgamento tornou-se um símbolo do uso de drogas para cometer agressões sexuais, uma prática conhecida como submissão química, e relançou na França o debate sobre o tema do consentimento.
Desde o início do processo, ativistas e associações feministas voltaram a pedir aos homens que "assumam, por fim, a sua responsabilidade" na luta contra a violência de género e "parem de ficar em silêncio".
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