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Morreu Juanita Castro, a irmã opositora de Fidel e Raúl Castro

A irmã mais nova de Fidel e Raúl Castro tinha 90 anos e vivia há 58 exilada nos Estados Unidos, depois de ter abandonado Cuba por se opor ao regime.

Juanita Castro, irmã de Fidel e Raúl Castro, morreu na segunda-feira num hospital em Miami, onde estava exilada há 58 anos.

A informação foi avançada pela jornalista María Antonieta Collins, coautora do seu livro de memórias: "Hoje Juanita Castro precedeu-nos no caminho entre a vida e a morte, uma mulher excecional, uma lutadora incansável pela causa de Cuba que tanto amava". Apesar de María Antonieta Collins não dar mais detalhes sobre a causa da morte, a imprensa cubana está a avançar que Juanita morreu de causas naturais.

Juanita, que tinha 90 anos, ficou conhecida por ser muito crítica do regime liderado pelos seus irmãos Fidel e Raúl Castro entre 1959 e 2008 e sempre manteve a sua posição política distante de Havana. Em 1964 foi obrigada a deixar Cuba, para o México, e a cortar todas as relações com os irmãos.

Esteve poucos meses no México antes de se exilar nos Estados Unidos e, em 1984, obteve a cidadania norte-americana. Em Miami, sul da Flórida, tornou-se empresária mas sem nunca esquecer o ativismo contra o sistema dos Castro. Ainda assim relatou várias histórias de momentos em que as pessoas "injustamente não perdoavam" o seu apelido e a "atacaram sem piedade".

Em 2016, quando Fidel morreu, Juanita lamentou a sua morte mas manteve as suas convicções e não compareceu ao funeral. Em entrevista à Univision explicou que os dois se encontravam "separados por motivos políticos há muitos anos" mas que os laços familiares a deixavam com "muita dor".

A quarta filha dos Castro Ruz - tinha três irmãos e três irmãs - nasceu a 6 de maio de 1933 e estudou administração no Colégio de Freiras Las Ursulinas, em Havana. Depois voltou para a sua cidade natal, Birán, onde abriu um cinema.

Apesar de ter apoiado a revolução contra Fulgêncio Batista e o triunfo da revolução cubana, não demorou muito tempo até que Juanita começasse a afastar-se de Fidel. A rutura terá ocorrido logo após o início da perseguição aos que não apoiavam o regime comunista.

Em 1961 terá começado a colaborar com a CIA e pouco tempo depois comprou um apartamento em Havana onde escondeu vários opositores políticos e começou a fazer parte do grupo de oposição Ação Católica Cubana, através do qual ajudou várias freiras que foram expulsas da ilha.

Em 1964, o irmão mais velho, Raúl Castro, mostrou-lhe os arquivos onde estavam compiladas todas as informações recolhidas por espiões sobre si, o que a fez abandonar o país em direção ao México. Em 1973, já em Miami, abriu uma farmácia e manteve o negócio até 2006, altura em que se refugiou na sua casa no bairro residencial de Coral Gables e deixou de ser tão ativa publicamente.

No livro Fidel e Raúl, meus irmãos – a história secreta, publicado em 2009, são descritas as memórias de Juanita Castro, muitas delas com a mágoa de nunca ter conseguido distanciar-se o suficiente da imagem que as pessoas tinham dos irmãos: "Sem dúvida, sofri mais do que o resto dos exilados, porque em nenhum lugar do estreito da Flórida me dão tréguas e são poucos os que compreendem o paradoxo da minha vida. Para os de Cuba, sou uma desertora porque saí e denunciei o regime estabelecido. Para muitos em Miami sou uma persona non grata por ser irmã de Fidel e Raúl".

REUTERS/Carlos Barria
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