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Marcelo feliz com "dia histórico" para Cuba

A Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas aprovou, pela 25.ª vez, uma resolução que apela ao levantamento do embargo dos EUA contra Cuba, com a novidade de ter contado com a abstenção da representante de Washington

O Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, saudou em Havana a aprovação nas Nações Unidas de uma resolução pelo levantamento do embargo a Cuba, com a abstenção dos próprios Estados Unidos, considerando que "é um dia histórico".

"Acabo de saber do resultado da votação nas Nações Unidas. É um dia histórico, para nós, também. É um dia histórico. Muitas felicidades", declarou o chefe de Estado, num castelhano improvisado, durante um fórum empresarial, num hotel da capital cubana, na presença do vice-presidente do Conselho de Ministros de Cuba, Ricardo Cabrisas Ruíz.

Aplaudido pela assistência, o Presidente da República acrescentou que o levantamento do embargo imposto pelos EUA a Cuba "é a posição constante de Portugal, de todos os partidos portugueses, de esquerda e direita, uma posição comum", completando: "E de centro, claro".

A Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas aprovou, pela 25.ª vez, uma resolução que apela ao levantamento do embargo dos EUA contra Cuba, com a novidade de ter contado com a abstenção da representante de Washington. A resolução, que é anualmente apresentada por Cuba, foi aprovada por 191 dos 193 países-membros das Nações Unidas, com as abstenções dos Estados Unidos e de Israel.

A abstenção de Washington na votação na ONU segue os apelos do presidente dos EUA, Barack Obama, para que o Congresso norte-americano, dominado pelos conservadores do Partido Republicano, aprove o levantamento do embargo, na sequência da normalização de relações entre os dois países, que restabeleceram relações diplomáticas em julho de 2015.

"A resolução que hoje se vota é um exemplo perfeito de que não estava a surtir efeito a política norte-americana de isolar Cuba", defendeu a embaixadora dos EUA na ONU Samantha Power, ao anunciar a decisão.  "Em lugar de isolar Cuba (...) a nossa política isolava os EUA. Inclusive aqui, nas Nações Unidas", acrescentou, num discurso recebido com aplausos pelas restantes delegações.

A abstenção, assinalou Power, "não significa que os EUA estejam de acordo com todas as políticas e práticas do Governo cubano". Nesse sentido, reiterou que Washington permanece preocupado com as "graves violações dos direitos humanos" cometidas pelas autoridades do país caribenho, caso das detenções arbitrárias de opositores.

O chefe da diplomacia cubana, Bruno Rodríguez, definiu a abstenção norte-americana como "um passo positivo", mas lamentou que o embargo permaneça uma realidade.  "É necessário julgar pelos factos. O importante e concreto é a desmontagem do bloqueio, mais que os discursos, os comunicados de imprensa ou mesmo o voto de uma delegação nesta sala", disse.

O texto aprovado pela Assembleia geral da ONU reconhece a "vontade reiterada" por Obama em "trabalhar a favor da eliminação do bloqueio económico, comercial e financeiro" e assinala como "positivas" as medidas aprovadas para suavizar esta medida, imposto em 1960 e reforçado a partir de 1962. No entanto, defende que estas ações "continuam a produzir um efeito limitado" e apela à abolição total do embargo.

Os EUA e Cuba iniciaram em dezembro de 2014 um processo de normalização bilateral e em julho de 2015 restabeleceram relações diplomáticas, após mais de meio século de animosidade.

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