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Interrogatório a Ghislaine Maxwell. O que disse a ex-namorada de Epstein sobre Trump?

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Maxwell foi submetida a dois dias e nove horas de interrogatórios. Disse que nunca viu Trump em ambientes inapropriados e revelou que não existe nenhuma "lista de clientes" de Epstein.

O Departamento de Justiça divulgou na sexta-feira as transcrições dos interrogatórios a Ghislaine Maxwell - a ex-namorada de Jeffrey Epstein - numa ação que o governo Trump classificou como sendo um passo na direção da transparência.

Jeffrey Epstein and Ghislaine Maxwell
Jeffrey Epstein and Ghislaine Maxwell Getty Images

As transcrições mostram que Maxwell - que está a cumprir uma pena de 20 anos de prisão por ter atraído adolescentes para serem abusadas por Epstein - elogiou o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Numa das entrevistas, datada de 24 de julho, terá até garantido ao procurador-geral adjunto, Todd Blanche, que nunca viu o republicano em "nenhum ambiente inapropriado".

"O presidente nunca foi inapropriado com ninguém. Nos momentos em que estive com ele foi um cavalheiro em todos os aspetos", disse Maxwell, de acordo com as transcrições.

Maxwell avançou, no entanto, num dos interrogatórios, que não havia nenhuma "lista de clientes" de Epstein. O Departamento de Justiça e o FBI anunciaram também que não encontraram nenhum documento e consideraram que "nenhuma divulgação adicional seria apropriada ou justificada".

A ex-namorada de Epstein falou ainda sobre a possibilidade de ter conhecido Donald Trump pela primeira vez em 1990, quando o seu pai - o magnata da imprensa Robert Maxwell - era dono do New York Daily News. "Talvez tenha conhecido Donald Trump naquela época, porque o meu pai era amigo dele e gostava muito dele", disse.

Ghislaine Maxwell foi submetida, no mês passado, a dois dias e nove horas de interrogatórios, realizados por Blanch num tribunal da Flórida, e após as entrevistas foi transferida para uma prisão de baixa segurança. Na altura, nem o seu advogado nem o Departamento Federal de Prisões explicaram esta transferência.

A divulgação das transcrições das entrevistas ocorre agora num momento em que o governo tem lidado com a indignação de muitos dos apoiantes de Trump, que esperavam a divulgação das supostas "listas de clientes" ligadas a Epstein.

Epstein declarou-se culpado em 2008 de uma acusação de solicitação de prostituição e de uma outra de solicitação de prostituição de um menor de 18 anos. Foi, por isso, indiciado por acusações de tráfico sexual de menores em 2019. No mesmo ano, foi encontrado morto na sua cela, enquanto aguardava julgamento. A sua morte foi considerada suicídio.

O caso Epstein continua a atrair a atenção pública devido às conexões de Epstein a figuras proeminentes, como o ex-presidente Bill Clinton e Donald Trump. No entanto, Maxwell afirmou que Clinton era amigo dela, e não de Epstein, e que à semelhança de Trump nunca o viu em ambientes inapropriados. Disse ainda que esteve com o ex-presidente cerca de duas dúzias de vezes.

Maxwell deixou ainda elogios ao príncipe André e classificou como "lixo" a alegação da falecida acusadora  Virginia Giuffre, que sugeria que ela havia sido paga para ter um relacionamento com o príncipe britânico e que ambos fizeram sexo na casa de Maxwell, em Londres.

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