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Hotéis flutuantes, militares na rua e espaço aéreo limitado: Brasil prepara-se para receber líderes mundiais

Há grande azáfama por estes dias na cidade de Belém, no Pará, que será palco da COP30.

O Brasil vai receber nos próximos dias 143 delegações com vários líderes mundiais, ministros e representantes de organizações internacionais no âmbito da Conferência das Nações Unidas Sobre Mudança Climática (COP30) e o governo de Lula da Silva não descura qualquer pormenor do que diz respeito ao planeamento e segurança. A conferência realiza-se entre 10 e 21 deste mês, em Belém, mas há muito que as autoridades brasileiras praparam uma 'mega operação' na capital do Pará, porta de entrada para a região do Baixo Amazonas.

Os dois navios de cruzeiro que vão alojar muitos dos participantes na COP30
Militares garantem a segurança
Organização da COP30 ultima detalhes
Os dois navios de cruzeiro que vão alojar muitos dos participantes na COP30
Militares garantem a segurança
Organização da COP30 ultima detalhes

Foram destacados 3 mil militares e a Força Aérea Brasileira dividiu o espaço aéreo da cidade portuária em três zonas: branca (reservada), amarela (restrita) e vermelha (proibida), consoante o nível de segurança. Na amarela é proibido o uso de drones e, na vermelha, no centro da operação, não haverá qualquer tipo de voo, com exceção de aeronaves de segurança pública para a proteção das personalidades presentes.

Os militares estão autorizados, mediante um decreto de Lula da Silva, a defenderem o espaço aéreo com recurso a aviões com sensores, defesa antiaérea e mísseis.

No aeroporto de Belém foi também instalada uma sala de controlo, onde serão tomadas todas as decisões. As instalações foram também dotadas de novos sistemas anti-drones, bem de reabastecimento das aeronaves.

Mas a operação não contempla apenas a Força Aérea. O Núcleo Especial de Polícia Marítima (NEPOM), a Marinha e a Polícia Militar do Pará vão revezar-se na vigilância do rio.

Hotéis flutuantes

A oferta hoteleira de Belém é escassa e o governo brasileiro - que na qualidade de organizador tem de garantir alojamentos adequados - resolveu o problema com navios de cruzeiro, que já estão atracados no porto de Belém e têm causado sensação por estes dias, pela sua envergadura. 

O MSC Seaview, por exemplo, tem capacidade para mais de 5 mil passageiros, com 1.400 tripulantes e 2 mil cabines. Com a altura de um prédio de 24 pisos, o luxuoso navio tem ainda um átrio de quatro andares, 17 bares e lounges, cinema, discoteca, lojas, ginásio, spa, espaço infantil, 5 piscinas... Além de uma área VIP para quem procura ter mais privacidade. O Costa Diadema é ligeiramente mais pequeno mas igualmente luxuoso. Tem capacidade para receber quase cinco mil passageiros.

O governo brasileiro gastou, segundo a imprensa do país, mais de 77 milhões de euros só para garantir o 'aluguer' as embarcações. As delegações vão pagar entre 100 e 600 dólares (entre 87 e 520 euros) pelo alojamento flutuante, com a verba a reverter para os cofres públicos.

Preços a subir

Antes da chegada dos participantes a cidade tem vindo a registar uma subida de preços nos hotéis e no... açaí. Segundo a CNN Brasil, o preço do alojamento subiu 24,54% no Pará nos últimos 12 meses (mais do dobro da média nacional) e a tarifa dos táxis 'cresceu'  24,53% no último ano.

E se há coisa que os turistas do Pará por estes dias vão querer provar é o açaí, fruta típica daquela região, cujo preço também disparou. Custa mais 18,55 por cento do que há um ano... 

A COP integra todos os países que assinaram e ratificaram a convenção das Nações Unidos sobre a mudança do clima. António Guterres, secretário-geral da ONU, tem feito do clima uma das suas principais batalhas desde que assumiu a liderança do organismo e certamente espera que esta reunião possa reforçar os compromissos climáticos, bem como alinhar as políticas internacionais com vista à redução do aquecimento global.

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