Até outubro, altura em que se realizam as presidenciais, é esperado que os candidatos demonstrem as suas medidas relativas ao setor agrícola e como pretendem alcançar um acordo com o Fundo Monetário Internacional para a atual dívida de 44 milhões de dólares do país.
A Argentina passou este domingo pelas eleições primárias onde as duas forças políticas principais do país viram os seus votos cair e o primeiro lugar foi conseguido pelo economista de extrema-direita Javier Milei, protagonizando uma grande reviravolta na corrida às presidenciais de outubro.
Javier Milei conseguiu 30,5% dos votos, ultrapassando todas as previsões, o principal bloco de oposição de direita conservadora Juntos pela Mudança ficou em segundo lugar com 28% dos votos e a coligação de centro-esquerda União para a Mudança Pátria que atualmente governa o país em terceiro lugar com 27% dos votos.
A crise económica deixou muitos argentinos desiludidos com as medidas das principais forças políticas, o que abriu portas às ideias de extrema-direita protagonizadas por Javier Milei, especialmente entre os jovens.
Após o apuramento dos resultados Javier Milei fez um discurso otimista onde se considerou "a verdadeira oposição" e atirou: "Uma Argentina diferente é impossível com as mesmas velhas coisas que sempre falharam". Javier Milei é um seguidor de Donald Trump e bastante próximo do líder do Vox de Espanha, Santiago Abascal. Contou ainda com o apoio de vários nomes importantes entre a extrema-direita como o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro ou o chileno José Antonio Kast.
Fechar o Banco Central argentino e dolarizar a economia são algumas das medidas que Javier Milei pretende aplicar. Allém disso, o economista é contra o aborto e a obrigatoriedade do ensino público.
O resultado demonstra o descontentamento da população com o aumento do custo de vida que arrasta cerca de quatro em cada dez pessoas para a pobreza, uma taxa de inflação de 116% no último ano e uma taxa de pobreza de 42%. A terceira maior economia da América Latina está estagnada há 12 anos e o país apresenta um PIB per capita igual ao de 1974.
Na Argentina o voto é obrigatório pelo que estes resultados podem ser um ensaio geral para as eleições gerais de 22 de outubro, afirmando o favorito à presidência. Até outubro é esperado que os candidatos demonstrem as suas medidas relativas ao setor agrícola, um dos principais exportadores mundiais de soja, milho e carne bovina e como pretendem alcançar um acordo com o Fundo Monetário Internacional para a atual dívida de 44 milhões de dólares, dois dos aspetos que mais preocupam os argentinos atualmente.
Para poder adicionar esta notícia aos seus favoritos deverá efectuar login.
Caso não esteja registado no site da Sábado, efectue o seu registo gratuito.
"O afundamento deles não começou no Canal; começou quando deixaram as suas casas. Talvez até tenha começado no dia em que se lhes meteu na cabeça a ideia de que tudo seria melhor noutro lugar, quando começaram a querer supermercados e abonos de família".