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Crescimento económico é principal responsável por aumento das emissões de CO2

Relatório da OCDE divulgado esta quinta-feira.

O crescimento económico é o principal motor do aumento das emissões globais de gases com efeito de estufa (GEE), particularmente nas economias emergentes, indica um relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) divulgado esta quinta-feira.

Poluição na China
Poluição na China AP

"O crescimento económico é o motor das emissões nos países parceiros da OCDE", refere o relatório Monitor de Ação Climática de 2025.

Entre os "países parceiros" estão grandes economias emergentes cujas emissões continuam a aumentar, como a China, Índia e Arábia Saudita, bem como outras onde as emissões estão a diminuir ligeiramente, casos do Brasil, Indonésia e África do Sul.

A redução das emissões de GEE é fundamental para combater o aquecimento global, sublinhando os cientistas que cada décimo de grau adicional tem consequências ao nível da biodiversidade, do ciclo da água e dos desastres naturais.

Segundo a OCDE, o impacto ambiental do forte crescimento económico e o aumento da população tem mais peso que as melhorias na eficiência energética nos países parceiros.

A organização calcula que, entre 2015 e 2023, nestes países onde as emissões cresceram 19,3%, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) por si só foi responsável por um aumento de 29,5% nas emissões, superando largamente o crescimento populacional (+5,6%) e dos gases com efeito de estufa da produção de energia (+3,3%).

As melhorias na eficiência energética limitaram as emissões, mas a diminuição foi de 19,1%.

Nestes países, "apesar de um desenvolvimento recorde ao nível da energia renovável, aumentaram os gases com efeito de estufa resultantes da produção de energia, refletindo um ressurgimento da energia do carvão", indica a OCDE.

Os países com economias industrializadas há mais tempo "reduziram as suas emissões melhorando a eficiência energética e fazendo a transição para fontes de energia mais limpas", embora continuando a crescer em termos económicos e populacionais, refere o Monitor de Ação Climática, precisando que as emissões caíram 11,3% entre 2015 e 2023.

"Esta tendência sublinha o potencial e a necessidade imperativa de reduzir as emissões nos países parceiros da OCDE, incluindo através da cooperação internacional, acelerando a descarbonização dos sistemas energéticos à medida que estes países se vão desenvolvendo economicamente", assinala a OCDE.

Na terça-feira, o Programa das Nações Unidas para o Ambiente (UNEP) alertou que o mundo continua numa trajetória de aquecimento catastrófico, que deverá atingir entre 2,3 e 2,5 graus Celsius (°C) neste século se os países implementarem os planos climáticos previstos.

Há 10 anos, na capital francesa, os países aprovaram o Acordo de Paris, comprometendo-se a tudo fazer para impedir que as temperaturas subam além de 2ºC em relação à época pré-industrial, e de preferência que não ultrapassem os 1,5ºC.

Segundo o UNEP, inverter a trajetória exige além de uma redução drástica das emissões, a absorção de quantidades industriais de CO2 da atmosfera, quer naturalmente (florestas), quer através da utilização de tecnologias de captura de carbono, que se encontram ainda numa fase inicial.

O relatório da OCDE é divulgado nas vésperas de começar em Belém, no Brasil, a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP30), que decorre entre os próximos dias 10 e 21.

Editorial

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