Sábado – Pense por si

Com seis anos Clemantine fugiu do genocídio do Ruanda

Vanda Marques
Vanda Marques 25 de novembro de 2018 às 12:00

Atravessou África descalça e com a irmã. Viveu em campos de refugiados e só voltou a encontrar os pais no programa de Oprah, nos EUA.

Aquela visão não a deixava. Ver os miúdos de 2 anos a correrem nus, cheios de moscas, com as pessoas do campo de refugiados a rirem-se deles, deixava-a enfurecida. Com apenas 9 anos, decidiu que ia vesti-los. Tornou-se uma obsessão. Primeiro perguntava-lhes pelas mães e pais. Muitos não tinham. Tal como ela, estavam sozinhos. Então, arranjava-lhes roupa velha que encontrava no campo de refugiados. "Ensinaram-me que as crianças são um presente. Logo não vais deixar que andem pela rua nuas, com moscas. Não faz sentido. Aquilo tornou -se uma obsessão para mim", diz à SÁBADO por telefone. Clemantine Wamariya fala de Nova Iorque, muito longe do pesadelo que viveu nos anos 90, quando deixou o Ruanda, com a irmã, e fugiu dos rebeldes hútus que mataram mais de 800 mil pessoas. A epopeia levou-a a percorrer sete países. Foram mais de 4.500 km, numa jornada sem destino certo. Ora avançava em direcção à África do Sul ora recuava em direcção ao Malawi. Passou por cinco campos de refugiados, mas deixou-os sempre porque só queria ir para casa.

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