Sábado – Pense por si

Cargueiro com bandeira portuguesa atacado no Estreito de Ormuz. Não há portugueses a bordo

Ana Bela Ferreira
Ana Bela Ferreira 13 de abril de 2024 às 12:15
As mais lidas

Guarda Revolucionária do Irão apreendeu o navio, que disse estar "ligado a Israel". Navio é considerado solo português e, por isso, Governo está a acompanhar situação.

Um navio cargueiro com pavilhão português, o MSC Aries, um porta-contentores associado à Zodiac Maritime, foi atacado por um helicóptero perto do estreito de Ormuz, entre os Emirados Árabes Unidos e o Irão, este sábado, avança o jornal britânico The Guardian. Um ataque que surge depois das autoridade de Teerão terem avisado que o estreito poderia ser fechado à navegação.

Segundo a Reuters, que cita a agência noticiosa estatal iraniana IRNA, a Guarda Revolucionária do Irão apreendeu o navio, que disse estar "ligado a Israel" e que estava ser transferido para águas territoriais do país.

A empresa MSC é a gestora e operadora comercial do navio apreendido, indicou em comunicado a Zodiac Maritime. "A MSC é responsável por todas as atividades do navio, incluindo operações de carga e manutenção. A propriedade do navio é detida pela Gortal Shipping Inc, na qualidade de financiador, e foi alugado à MSC a longo prazo. A Gortal Shipping Inc está associada à Zodiac Maritime", declarou esta última empresa, parcialmente detida pelo empresário israelita Eyal Ofer.

O armador ítalo-suíço MSC anunciou que o porta-contentores tem 25 tripulantes a bordo. "Lamentamos confirmar que o MSC Aries, propriedade da Gortal Shipping Inc, afiliada à Zodiac Maritime, e fretado pela MSC, foi abordado pelas autoridades iranianas de helicóptero" e "há 25 tripulantes a bordo", disse a Mediterranean Shipping Company (MSC), com sede em Genebra, à agência noticiosa France-Presse (AFP).

Entretanto, por se tratar de solo português, o Governo anunciou que está a acompanhar a situação, e adiantou que não há portugueses a bordo.

O navio foi apreendido quando atravessava o estreio de Ormuz.

MSC Aries
MSC Aries
A carregar o vídeo ...

O incidente foi inicialmente reportado pela agência de operações comerciais marítimas do Reino Unido (UKTMO), cuja fonte partilhou com a agência norte-americana Associated Press (AP) o vídeo desse mesmo ataque. Segundo a AP, no vídeo veem-se militares a descer de um helicóptero e a tomar de assalto o navio de carga junto ao estreito de Ormuz (entre o golfo de Omã e o golfo Pérsico).

A UKTMO afirmou que imagens mostram que pelo menos três indivíduos terão tomado "rapidamente" de assalto o navio de carga.

Desde 2019 que o Irão tem sido acusado de estar envolvido em vários assaltos e ataques a navios na zona do golfo de Omã, por onde passa cerca de um quinto de todo o petróleo comercializado no mundo.

As tensões, marcadas nos últimos seis meses pela guerra entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza, subiram recentemente de tom com um bombardeamento a 1 de abril ao consulado iraniano em Damasco, na Síria, que matou altos funcionários militares iranianos, e que foi atribuído a Telavive. Na época, o Irão ameaçou retaliar.

Na sexta-feira, o presidente dos EUA, Joe Biden, afirmou estar à espera que o Irão atacasse Israel "mais cedo, que tarde" e avisou Teerão para não o fazer.

Israel já respondeu à captura do MSC Aries. O porta-voz das forças armadas, contra-almirante Daniel Hagari, avisou: "O Irão sofrerá as consequências se optar por uma nova escalada desta situação".

Com Lusa

Em atualização

Artigos Relacionados
No país emerso

Por que sou mandatária de Jorge Pinto

Já muito se refletiu sobre a falta de incentivos para “os bons” irem para a política: as horas são longas, a responsabilidade é imensa, o escrutínio é severo e a remuneração está longe de compensar as dores de cabeça. O cenário é bem mais apelativo para os populistas e para os oportunistas, como está à vista de toda a gente.