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Autoridades de Gaza acusam Israel de matar 44 pessoas que tentavam aceder a ajuda humanitária 

Segundo o Ministério da Saúde de Gaza o número de mortes causadas pela operação militar israelita, que já dura há 21 meses, já ultrapassou as 56 mil pessoas.  

Forças israelitas abriram fogo, utilizando drones, contra centenas de palestinianos que se encontravam à espera de ajuda humanitária no sul de Gaza na manhã desta terça-feira e mataram pelo menos 44 pessoas. As autoridades de saúde locais, controladas pelo Hamas, referiram também que o número de mortos causados pela ofensiva israelita já ultrapassou os 56 mil. 

Jehad Alshrafi/ AP

Neste momento os locais de distribuição de alimentos estão a ser geridos por uma empresa contratada pelos Estados Unidos, com o apoio de Israel, e as distribuições, que iniciaram no mês passado, têm sido marcadas por relatos de violência. Esta terça-feira a Fundação Humanitária de Gaza informou nas redes sociais que a distribuição teve início às 10h00 e acabou logo após o término da distribuição de alimentos, pelo que pediu que as pessoas não continuassem a dirigir-se ao centro.

Testemunhas palestinianas referiram que as forças israelitas abriram fogo contra as multidões que se dirigiam aos locais de distribuição, matando centenas de pessoas nas últimas semanas, já os militares das Forças de Defesa Israelitas referiram que foram disparados tiros de advertência contra pessoas que os abordaram de forma suspeita enquanto se dirigiam para os pontos de distribuição.  

No centro do enclave três testemunhas disseram à Associated Press que as forças israelitas abriram fogo enquanto os locais se deslocavam para o sul de Wadi Gaza, onde a ajuda estava a ser distribuída. Ahmed Halawa considerou o incidente como "um massacre" e acusou a IDF de disparar contra os locais "mesmo enquanto fugiam", já Hossam Abu Shahada referiu que viu drones a sobrevoarem a área e que criaram uma cena "caótica e sangrenta" enquanto as pessoas tentavam dispersar.  

O hospital de Awda, no campo de refugiados de Nuseirat, recebeu as vítimas do incidente e confirmou a morte de 25 pessoas, tendo outras 146 pessoas ficado feridas. Sessenta e duas pessoas estavam em estado crítico e foram transferidas para outros hospitais dentro do enclave.  

Na cidade de Deir al-Balah, o hospital Al-Aqsa Martyrs referiu que recebeu os corpos de seis pessoas devido ao mesmo incidente.  

Já em Rafah, no extremo sul de Gaza, outras testemunhas referiram que as tropas israelitas abriram fogo contra a multidão se tentava deslocar para o ponto de distribuição de alimentos gerido pela Fundação Humanitária de Gaza. De acordo com o hospital de Nasser e o Ministério da Saúde de Gaza neste incidente 19 pessoas foram mortas e cinquenta ficaram feridas.  

Existem relatos do mesmo tipo de incidentes também na área de Shakoush. Ayman Abu Joda partilhou com a Associated Press: "Todos os dias é a mesma tragédia: procuravamos comida e a ocupação abre fogo matando muitas pessoas". 

O número total de 44 vítimas foi confirmado à agência de notícias pelo chefe de departamento de registros do Ministério da Saúde de Gaza, Zaher al-Waheidi. O Ministério da Saúde de Gaza afirmou também que a operação militar israelita, que já dura há 21 meses, já matou mais de 56 mil pessoas.  

Israel quer que a Fundação Humanitária de Gaza substitua um sistema coordenado pelas Nações Unidas e grupos humanitários internacionais uma vez que, tal como os Estados Unidos, acusa o Hamas de roubar a ajuda humanitária que chega ao enclave e distribuí-la pelos membros da organização. A Fundação Humanitária de Gaza tem as suas bases em zonas militares israelitas. 

A guerra em Gaza foi desencadeada pelo ataque do Hamas ao sul de Israel a 7 de outubro de 2023, que matou cerca de 1 200 pessoas, maioritariamente civis, e fez 251 reféns.  

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