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ONGs pedem "ação imediata para acabar com esquema mortal de distribuição" em Gaza 

Débora Calheiros Lourenço
Débora Calheiros Lourenço 01 de julho de 2025 às 19:01
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As organizações pedem que "todos os Estados terceiros" "tomem medidas concretas para pôr fim ao cerco", "exortem os doadores a não financiarem programas de ajuda militarizados que violam o direito internacional" e "apoiem a restauração de um mecanismo de coordenação unificado pela ONU".  

A Amnistia Internacional, Médicos Sem Fronteiras e a Save the Children estão entre as 170 organizações não-governamentais (ONG) que emitiram um comunicado onde pedem uma "ação imediata para acabar com o esquema mortal de distribuição israelita", que inclui a Fundação Humanitária de Gaza, e o regresso "aos mecanismos de coordenação liderados pela ONU". 

AP Photo/Jehad Alshrafi

As organizações alertam que "os 400 pontos de distribuição de ajuda humanitária que funcionavam durante o cessar-fogo temporário em Gaza foram substituídos por apenas quatro locais de distribuição controlados pelos militares, forçando dois milhões de pessoas a viver em zonas superlotadas e militarizadas, onde enfrentam diariamente tiros e mortes em massa enquanto tentam aceder a alimentos". Por isso consideram que "os palestinianos em Gaza enfrentam uma escolha impossível: morrer à fome ou arriscar-se a ser baleados".  

É também reforçado no comunicado que "as semanas que se seguiram ao lançamento do esquema de distribuição israelita foram das mais mortíferas e violentas desde outubro de 2023". "Em menos de quatro semanas, mais de 500 palestinianos foram mortos e quase 4000 ficaram feridos apenas por tentarem aceder ou distribuir alimentos", continuam antes de reforçarem que este é um modelo "que não protege os civis nem satisfaz as necessidades básicas".  

Por isso as organizações pedem que "todos os Estados terceiros" "tomem medidas concretas para pôr fim ao cerco", "exortem os doadores a não financiarem programas de ajuda militarizados que violam o direito internacional" e "apoiem a restauração de um mecanismo de coordenação unificado pela ONU".  

Além disso é reforçado no comunicado que este modelo, que faz com que as condições humanitárias em Gaza estejam "a deteriorar-se mais rapidamente do que em qualquer momento nos últimos vinte meses", é aplicado enquanto os "agentes humanitários experientes continuam prontos para prestar assistência em grande escala e salvar vidas". 

Fazendo um retrato da situação no enclave as ONGs referem que "aqueles que conseguem obter comida muitas vezes voltam com apenas alguns itens básicos - quase impossíveis de preparar sem água potável ou combustível para cozinhar".

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