"Incorreto e inapropriado". Foi com estes dois adjetivos que o assessor da Casa Branca Alexander Vindman definiu o telefonema que ouviu entre o presidente dos EUA, Donald Trump, e o homólogo da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, e que está na origem do processo de destituição do chefe de estado norte-americano.
"É impróprio para o presidente dos Estados Unidos pedir a um governo estrangeiro para investigar um cidadão dos EUA e oponente político", sublinhou o especialista sobre a Ucrânia do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca ouvido pela comissão de inquérito esta terça-feira, confessando igualmente que se sentiu impelido a reportar a sua preocupação aos advogados do Conselho de Segurança Nacional, já que o que ouviu no telefonema foi "incorreto e inapropriado".
Para Vindman, que ouviu o telefonema na qualidade de assessor da Casa Branca, ficou "claro que se a Ucrânia iniciasse uma investigação às eleições de 2016, aos Biden e à Burisma [empresa ucraniana que contratou o filho de Joe Biden] isso seria um jogo partidário", referindo-se às exigências que Trump terá feito a Zelensky. "Achei o telefonema pouco comum porque, ao contrário de outros telefonemas presidenciais que presenciei, envolvia a discussão de algo que parecia ser um assunto de política interna", disse.
O assessor defendeu ainda que o desequilibro de poderes entre ambos os políticos era um elemento de pressão. "Na cultura militar, de onde eu venho, quando um superior pede para fazer algo, não é um pedido, é uma ordem", disse Vindman, explicando que essa "disparidade de poder" fez entender a Zelenski que a marcação de uma reunião na Casa Branca dependia da abertura da investigação.
Alexander Vindman disse ainda que não lhe pareceu estranho que o telefonema fosse gravado num servidor seguro, na Casa Branca, por lhe terem explicado que o cuidado servia para "prevenir fugas de informação" de informação classificada, o que lhe pareceu natural.
O testemunho de Vindman serviu para os representantes democratas contestarem a argumentação de defesa de Donald Trump, que tem considerado o telefonema para Zelensky, a 25 de julho, como "totalmente correto", rejeitando o seu fundamento de base para o inquérito de destituição.
A comissão de inquérito também interrogou Jennifer Williams, assessora sénior de Mike Pence, vice-presidente dos EUA, que também ouviu o telefonema e se mostrou preocupada com a conversa telefónica entre os dois líderes, considerando que ela tinha um teor "político", ao referir-se ao pedido de investigação a um adversário eleitoral de Trump. "O teor político da conversa não me pareceu normal, numa conversa com um presidente de um país estrangeiro", disse Williams perante o Congresso.
Trump é suspeito de ter pressionado o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, a investigar uma empresa ucraniana da qual foi administrador o filho do ex-vice-presidente Joe Biden, dado como favorito a concorrer pelos democratas nas eleições de 2020, em troca de uma ajuda militar dos EUA.
O 45.º Presidente norte-americano, em funções desde 20 de janeiro de 2017, qualificou a investigação como uma "caça às bruxas". As audições públicas do inquérito arrancaram em 13 de novembro.
Se as conclusões do inquérito forem aprovadas por maioria simples na Câmara dos Representantes, o processo segue para o Senado, sendo necessária uma maioria de dois terços para a destituição do presidente.
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