Atravessou um rio e sentiu os guardas fronteiriços russos disparar contra si. Só parou de correr perto de casas. Acusa o grupo Wagner de não querer saber se os seus membros morriam.
Um homem russo que diz ter comandado uma unidade do grupo de mercenários Wagner, na Ucrânia, fugiu para a Noruega e prometeu partilhar provas de crimes cometidos durante a guerra. Andrei Medvedev era um criminoso que se envolveu em pequenos delitos e foi recrutado para combater na Ucrânia.
REUTERS/Igor Russak
Contudo, fugiu e acabou por atravessar a fronteira entre a Rússia e a Noruega, tendo sido preso na região de Finnmark. Tarjei Sirma-Tellefsen, chefe da polícia da região, explicou que a detenção foi feita por uma patrulha fronteiriça.
Vladimir Osechkin, ativista russo pelos direitos humanos, partilhou um vídeo em que Andrei Medvedev relata ter lutado quatro meses na Ucrânia antes de fugir. Diz que o seu contrato de quatro meses foi prolongado indefinidamente pelo grupo Wagner e que foi ameaçado com represálias caso quisesse fugir.
Former commander of the "Wagner" PMC Andrei Medvedev fled from #Russia to #Norway and asked for political asylum, reports Gulagu. net.
He is ready to testify against Prigozhin and talk about the extrajudicial killings he witnessed. pic.twitter.com/iHPyGbMJ5z
Durante dois meses circulou clandestino na Rússia, até conseguir chegar à fronteira. Segundo a imprensa, os guardas fronteiriços russos tentaram matá-lo. "Ouvi cães a ladrar atrás de mim, as luzes acenderam-se e dispararam contra mim. Só fugi em direção à floresta", afirmou. Terá saltado barreiras e atravessado um rio gelado, numa zona que é guardada com guardas armados em torres e que fazem patrulhas regulares com cães.
"Fugi em direção às primeiras luzes de casas que pude ver, talvez a dois ou dois quilómetros e meio. Só corri, corri e corri", contou. Foi numa dessas casas que solicitou ajuda. Encontra-se agora em Oslo.
O advogado norueguês Brynjulf Risnes, que o representa, diz saber que tanto as autoridades norueguesas como as internacionais querem interrogar Andrei Medvedev. "É óbvio que ele será vigiado de todas as maneiras. Primeiro, é necessário ver se o que ele diz é verdade. Existem decerto muitas pessoas que pensam que isto pode ser uma provocação. As autoridades norueguesas irão provavelmente deixar todas as opções abertas", afirmou.
Até agora não há provas em como tenha cometido crimes de guerra. Diz ter comandado a unidade a que pertencia Evgeny Nuzhin, um mercenário do grupo Wagner que terá sido morto com uma marreta de acordo com um vídeo que circulou nas redes sociais.
Andrei Medvedev diz ter visto membros da segurança interna do grupo Wagner a realizar várias execuções de homens que não queriam lutar, e que os seus líderes eram indiferentes a ser os homens viviam ou morriam. "Havia o risco de que me pudessem prender e matar, alvejar ou algo pior – como fizeram a Nuzhin, morte com uma marreta", disse.
O mercenário diz ter um vídeo que documenta execuções e que, caso algo lhe aconteça, as imagens serão publicadas online. Todos os que com ele lutaram terão sido detidos, segundo a imprensa.
Kremlin nega conflitos com grupo Wagner
Esta segunda-feira, 16, o Kremlin negou qualquer conflito entre o Ministério da Defesa e o grupo Wagner, considerando-o uma fabricação mediática. O governo russo reivindicou a conquista de Soledar sem mencionar o papel do grupo Wagner, o que levou a uma queixa do seu fundador, Yevgeny Prigozhin.
Aos jornalistas, o porta-voz do Kremlin Dmitry Peskov disse que não ajudava que os media pró-russos se envolvessem em "manipulações". Disse que a Rússia reconheceu as forças armadas russas e o grupo Wagner como heróis, "e ambos estarão para sempre na nossa memória".
"Sobre quaisquer conflitos, são principalmente produtos de manipulações informativas, as quais são às vezes criadas pelos nossos oponentes na informação, mas às vezes os nossos amigos comportam-se de maneira que não são precisos inimigos. Todos estão a lutar pelo seu país. É assim que deve ser visto", reforçou.
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