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Plano de paz para a Ucrânia "não preenche requisitos mínimos", diz Montenegro

Lusa 23 de novembro de 2025 às 17:20

Primeiro-ministro considerou ainda que a articulação com a União Europeia "é obrigatória" neste processo negocial.

O primeiro-ministro português, Luís Montenegro, afirmou este domingo que o plano norte-americano para a paz na Ucrânia "não preenche requisitos mínimos" e defendeu que a articulação com a União Europeia "é obrigatória" neste processo negocial.
Luís Montenegro critica plano de paz para a Ucrânia em Luanda JOSÉ SENA GOULÃO/LUSA
Falando aos jornalistas em Luanda, após visitar uma obra e a propósito da reunião dos líderes europeus convocada por António Costa à margem da cimeira UA-UE, Montenegro destacou a necessidade de "uma reflexão rápida" da Europa sobre o plano em discussão. "A meu ver, não preenche aqueles que são os requisitos mínimos que salvaguardam uma paz justa e duradoura para a Ucrânia", afirmou, acrescentando que o documento constitui "uma base", mas "muito insuficiente para aquilo que são os objetivos europeus". O primeiro-ministro sublinhou que todos os esforços de mediação são positivos. "A mediação dos Estados Unidos, a participação dos Estados Unidos num processo de paz é bem-vinda", disse, frisando porém que "a interação com a Europa é obrigatória". "A Europa tem todo o interesse em poder ser uma parte ativa deste processo e é isso que nós amanhã tentaremos fazer na reunião que foi convocada para esse efeito", afirmou. O objetivo, continuou, é "fazer evoluir estas bases de acordo, de maneira a salvaguardar o interesse da Europa e também o interesse da Ucrânia, que não está, na minha opinião, devidamente salvaguardado". O presidente do Conselho Europeu, António Costa, convidou os líderes dos 27 Estados-membros da UE para um encontro na segunda-feira, à margem da cimeira UE-UA em Luanda, para analisar o plano de paz para a Ucrânia. Numa publicação de sábado na plataforma X, António Costa citou o comunicado conjunto assinado por vários líderes europeus, do Japão e do Canadá, reunidos à margem da cimeira do G20, que decorre este fim de semana em Joanesburgo. No comunicado, os líderes consideraram que o plano de paz dos Estados Unidos "requer trabalho adicional" e deixaria a Ucrânia vulnerável a novos ataques. "Congratulamo-nos com os esforços contínuos dos Estados Unidos da América para alcançar a paz na Ucrânia. O esboço inicial do plano, com 28 pontos, inclui elementos importantes que serão essenciais para uma paz justa e duradoura", referem. No seu entender, este esboço "é uma base que requer trabalho adicional", e os líderes manifestaram disponibilidade para colaborar na construção de "uma futura paz sustentável". O documento conta com as assinaturas da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e do presidente do Conselho Europeu, António Costa, bem como do chanceler alemão, dos presidentes de França e Finlândia e dos primeiros-ministros do Reino Unido, Itália, Espanha, Países Baixos, Irlanda, Noruega, Canadá e Japão. Os signatários afirmam ter "uma posição clara quanto ao princípio de que as fronteiras não devem ser alteradas pela força" e manifestam preocupação com "as limitações propostas às Forças Armadas ucranianas", que "deixariam a Ucrânia vulnerável a ataques futuros". Acrescentam ainda que elementos relacionados com a UE e com a NATO exigiriam o consentimento dos seus Estados-membros e indicam que irão "continuar a coordenar de forma próxima com Ucrânia e EUA" nos próximos dias. O plano de 28 pontos elaborado pelo Governo do Presidente norte-americano, Donald Trump, gera grande preocupação em Kiev, por incluir várias exigências russas: cedência de território, redução do Exército e renúncia à adesão à NATO. Em contrapartida, prevê garantias de segurança ocidentais para evitar novos ataques. Trump deu à Ucrânia até 27 de novembro, Dia de Ação de Graças, para responder às propostas. Em caso de rejeição, Vladimir Putin ameaçou continuar os avanços militares no terreno, onde a Rússia mantém vantagem. Perante a pressão simultânea dos Estados Unidos e da Rússia, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, iniciou consultas com aliados europeus. A Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022.
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