Incerteza, filas, paralisação: o impacto do apagão em Espanha
A progressão da recuperação é positiva, mas ainda falta luz para boa parte dos espanhóis, principalmente nos grandes centros urbanos.
Ao ritmo atual, Espanha terá umarecuperação de energiamais rápida do que Portugal. Com a ajuda de países vizinhos, começou o regresso da energia ainda a meio da tarde, e ao início da noite a maior parte das províncias espanholas já recuperara parte da sua eletricidade. Ainda assim, o caos continua a afetar o país em áreas como a saúde, os transportes e o retalho. Fique com o principal do que se sabe até agora.
O apagão é "excecional e totalmente extraordinário", disse a Red Elétrica, responsável pela rede de eletricidade espanhola, pelas 14h47 locais, uma hora a menos em Lisboa. O diretor de serviços Eduardo Prieto disse ainda que o problema demoraria entre 6 e 10 horas a ficar solucionado, o que colocaria a hora de reposição da eletricidade entre as 21h de segunda e a 01h de terça.
O presidente do governo, Pedro Sánchez, falou ao país depois das 18h locais (17h de Lisboa). Disse que ainda estavam a ser estudadas as causas e que o melhor seria não especular, acrescentando um conjunto de recomendações aos espanhóis: evitar deslocações, usar telemóveis apenas para chamadas breves, não sobrecarregar os serviços de saúde e seguir apenas informações oficiais. Às 20h30, o governo declarava estado de emergência nacional, aplicado a todas as regiões que o solicitem.
Por volta das 19h10 locais, a eletricidade já regressava a alguns municípios de Madrid. Cerca de meia hora antes, Pedro Sánchez anunciava que, graças à colaboração de França e Marrocos, a luz começava a regressar a alguns pontos da Catalunha, Aragão, País Basco, Galiza, Astúrias, Navarra, Castela e Leão, Extremadura e Andaluzia, seguindo-se as províncias de Valência, Cantábria e Madrid. A meio da tarde, cidades como Barcelona e Valência já começavam a recuperar energia.
Como em Portugal, o apagão causou o caos de larga escala nos grandes centros urbanos. As caixas de levantamento de dinheiro foram praguejadas por longas filas, tal como os supermercados, que só aceitam pagamentos em numerário, e onde alguns trabalhadores foram relocalizados para as portas para evitar pilhagens. Nas principais artérias urbanas, a polícia faz as vezes dos semáforos para controlar o trânsito caótico.
A saúde foi uma das áreas mais afetadas, com vários hospitais e centros de saúde ainda a funcionar a geradores. O Samur (equivalente do INEM) realizou 167 intervenções na capital, principalmente ligadas a problemas respiratórios e crises de ansiedade, e os bombeiros receberam mais de 200 avisos, maioritariamente de elevadores, de onde tiveram de ser resgatadas várias pessoas, relata o El País.
Todo o tráfego ferroviário foi interrompido, com mais de 30 mil pessoas a serem retiradas de comboios, e sem previsão de as viagens serem retomadas ainda hoje. Alguns espaços, como o Palau de Fires, em Girona, foram equipados com camas e mantas para albergar pessoas impossibilitadas de regressar a casa pela paralisação. Em Madrid, a Renfe anunciou que toda a sua rede Cercanías (de comboios suburbanos) seria gratuita na terça-feira.
Na Espanha continental, Gibraltar foi o único a sair incólume do apagão. A exceção deve-se ao facto de o território britânico não estar ligado à rede europeia, pelo que a sua produção e distribuição de energia continuou a funcionar na normalidade.
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