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Quem é Óscar Pierre, o empreendedor que criou a Glovo aos 23 anos

É espanhol, estudou Engenharia Aeroespacial e é dono da empresa de entregas. Empreendedor foi presente a juiz na terça-feira por ser acusado de violar o Código do Trabalho. A própria empresa já gastou milhões de euros em multas.

Estudou Engenharia Aeroespacial em Espanha, país onde nasceu, e numa das universidades mais prestigiadas dos Estados Unidos, no estado da Georgia. Contudo, a sua vida acabou por tomar um rumo bastante diferente. Óscar Pierre, de 32 anos, criou a Glovo – uma emprega de entrega de comida e outros produtos – com apenas 23 anos e a plataforma tornou-se num grande sucesso, quer em Portugal quer em Espanha. Jovem milionário, está agora a ser investigado por violação do Código do Trabalho. Já a empresa está a ser acusada deemissão de falsos recibos verdes.

Quem é o dono da Glovo?

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Óscar Pierre nasceu em Barcelona, Espanha, em 1992, e cresceu no seio de uma família de empreendedores. 

O pai, Óscar Pierre Prats, foi o fundador da consultora digital, Aggity. O primo, Carlos Pierre, criou a aplicação Badi, de aluguer de apartamentos, enquanto o avô, Ramón Miquel, foi um dos impulsionadores da distribuidora de alimentos Miquel Alimentació. Já o tio, Pablo Pierre Prats, é o fundador da Pierre Advogados, e a prima Claudia Pierre a criadora do Meeting Advogados, uma startup de assistência jurídica. 

Com 32 anos, Pierre teve sempre os seus estudos voltados para a Engenharia Aeroespacial, mas a vida levou-o a abrir a sua própria empresa de entrega de comida. Fê-lo com apenas 23 anos e há quem diga que o negócio começou com 22 mil euros na mão. 

Empreendedor e milionário, é hoje o dono da Glovo, uma das empresas mais conhecidas em Espanha. Gosta de dedicar o seu tempo à família, à sua companheira e aos amigos, segundo o site de notícias de marketing, Marketing4eCommerce. Além disso, gosta também de praticar desportos de vento, náuticos e vela, nomeadamente kitesurf.

Como surgiu a Glovo?

REUTERS/Susana Vera

A ideia da Glovo surgiu em 2014, quando Pierre tinha apenas 22 anos. Inspirado pelos crescentes pedidos por serviços de entrega rápida, e alimentado pelo sucesso de empresas como a Uber, o empresário decidiu criar uma plataforma cujas entregas pudessem ser feitas em menos de uma hora. A Glovo acabou assim por surgir em 2015, também pelas mãos de Sacha Michaud, cofundadora da empresa.

Em 2021, a Glovo já havia registado um enorme crescimento. Contudo, em 2022, acabou por ser comprada pela internacional Delivery Hero. Óscar Pierre garantiu que caso a empresa tivesse tentado sobreviver sozinha ia acabar por desaparecer, devido à elevada concorrência neste setor. 

"Em 2021 tivemos um forte crescimento, melhorando muito a rentabilidade", começou por anunciar Óscar Pierre no South Summit 2023. Porém, "estivémos longe de atingir o ponto de equilíbrio e, [por isso], tínhamos duas opções. Poderíamos sair da bolsa, que foi a minha opção favorita durante muito tempo, mas graças a Deus que não o fizemos", concluiu. 

O empresário espanhol avançou também, em diversas ocasiões, que queria transformar a Glovo numa "super app", semelhante a modelos de sucesso na Ásia, como o WeChat e o Grab. Isto envolvia não apenas a expansão dos serviços de entrega, mas também a integração de funcionalidades adicionais, como pagamentos móveis, reservas e muito mais. 

A Glovo está hoje presente em mais de 1.500 cidades e 23 países, incluindo em Portugal.

As polémicas da Glovo

REUTERS/Valentyn Ogirenko

Apesar do sucesso, a empresa de Óscar Pierre está a enfrentar vários desafios, estando ainda envolta em várias polémicas. Uma das questões mais controversas está relacionada com a situação laboral dos estafetas. A empresa é acusada de falsificação de recibos verdes.

Ao que se sabe, a Glovo não terá colocado na folha de pagamento 10.614 trabalhadores, distribuídos entre Barcelona e Valência. Este tipo de episódios valeu-lhe uma série de multas.

Em 2022, a plataforma teve que pagar 78,7 milhões de euros por ter alegadamente praticado fraude eleitoral. Em 2023, a Inspeção do Trabalho e da Segurança Social de Madrid aplicou uma multa de 57 milhões de euros por a Glovo ter "falsos trabalhadores independentes" e por ter empregado 813 imigrantes que não tinham autorização de trabalho. 

Sindicatos e grupos de representação dos estafetas em Espanha, afirmam mesmo que é comum a empresa aeitar trabalhar com imigrantes sem documentos. 

Além da empresa, também o próprio CEO enfrenta acusações. É acusado de crime contra os direitos dos trabalhadores e de violação do Código do Trabalho. Face a estas acusações, a juíza chamou o CEO a prestar declarações no 31º tribunal de investigação de Barcelona, na terça-feira. O empreendedor foi ouvido durante cerca de 30 minutos, detalha o Jornal de Notícias.

Em muitos países os estafetas são considerados trabalhadores independentes. Isto significa que não têm acesso a benefícios laborais como seguros de saúde e férias remuneradas. Não só em Espanha, mas também em Portugal, a situação já gerou protestos por parte dos estafetas que exigem contratos de trabalho. 

Embora o empreendedor já tenha implementado algumas medidas, como o seguro contra acidentes, segundo avança a imprensa espanhola, estas são vistas como insuficientes por parte dos trabalhadores e defensores dos direitos laborais. 

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