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Pensões até cerca de mil euros vão recuperar poder de compra, diz Governo

Negócios 24 de outubro de 2025 às 17:58
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Rosário Palma Ramalho confirma que os dados apontam para que as pensões de até cerca de mil euros tenham uma atualização de 0,5 pontos acima da inflação. Estimativa do Negócios aponta para 2,8%. Ministra admite bónus que o ministro das Finanças considera "muito mais difícil" e critica proposta do PS para aumentos permanentes.

A atualização regular das pensões vai garantir às pensões até cerca de mil euros (1045 euros) um aumento de poder de compra face à inflação registada "para 90% dos pensionistas", disse esta sexta-feira a ministra da Segurança Social.

Governo prevê recuperação do poder de compra para pensões até mil euros
Governo prevê recuperação do poder de compra para pensões até mil euros

"O que estimamos neste momento é que as pensões mais baixas, até 2 IAS, terão uma atualização em 2026 superior em 0,5 pontos percentuais ao valor da inflação de 2025 o que significa alguma recuperação do poder de compra para 90% dos pensionistas”, disse a ministra do Trabalho, Rosário Palma Ramalho.

A governante reconheceu que os dados finais, que dependem de valores do crescimento económico e da inflação, só ficarão disponíveis entre novembro e dezembro.

Os cálculos do Negócios com base na informação disponível, , apontam para atualizações de 2,8% no caso das pensões até 2 IAS, de 2,28% no caso do segundo escalão (entre 1.045 e 3.135 euros) e de 2,03% no caso do terceiro escalão.

Contudo, com estes níveis de crescimento apenas o primeiro escalão tem ganhos de poder de compra. As pensões entre 1.045 euros e 3.135 euros terão uma atualização ao nível da inflação registada. A governante reconheceu que tal não acontece para pensões acima de 6 IAS, ou seja, de 3.135 euros.

Depois de o ministro das Finanças ter considerado que é “” garantir o bónus das pensões no próximo ano, a ministra do Trabalho diz apenas que o suplemento depende da existência de “excedente orçamental”.

A proposta de orçamento do Estado que o Governo apresentou, e que está a ser discutida no parlamento, apresenta um excedente de 0,1% do PIB, ou seja, cerca de 260 milhões de euros. Esse suplemento não permanente das pensões custa 400 milhões.

“A nossa política deste governo que mantém o que vem do governo anterior é proceder a atualização de pensões com a fórmula legal e apenas se houver excedente orçamental que se  eventualmente fazer um novo suplemento extraordinário”, disse a ministra.

Esta quinta-feira, à Rádio Renascença, o ministro das Finanças disse que o bónus de 100 a 200 euros que tem sido pago aos pensionistas no outono é “muito mais difícil” de garantir em 2026.

“Repare, é muito mais difícil em 2026 porque de facto, por estes fatores que eu referi, nomeadamente nos empréstimos PRR, nós mantemos o ponto que dissemos em 2024 e 2025, dependerá da execução orçamental”, disse Miranda Sarmento.

“Mas é bastante mais difícil fazê-lo em 2026 do que foi fazê-lo em 2024 ou 2025 porque estes empréstimos PRR, uma decisão do anterior Governo de maioria absoluta do Dr. António Costa, pesam muito nas contas públicas no próximo ano”, acrescentou.

O suplemento que o Governo decidiu pagar tanto no ano passado como este ano não é permanente, razão pela qual pode não ter continuidade no ano seguinte.

o PS tem, como é público, defendido uma proposta de alteração ao orçamento que canalize para aumentos adicionais permanentes a eventual folga do saldo da segurança social. A proposta seria financiada pela receita de impostos mas, como depende do saldo que conta para Bruxelas, .

Na audição desta tarde a ministra com a pasta da Segurança Social defendeu que um aumento permanente tornaria "mais exigente" a gestão da Segurança Social.

José Luís Carneiro justificou a proposta com o facto de o saldo da segurança social estar, até agosto, cerca de mil milhões de euros acima do que prevê o orçamento.

Na audição desta manhã sobre o orçamento do Estado, o ministro das Finanças disse que a vantagem de mil milhões em agosto, na ótica de caixa, face ao que está orçamentado, encolheu para 400 milhões em setembro.

“O saldo da Segurança Social em agosto, em contabilidade pública, aumentou mil milhões mas cerca de 600 milhões resultam da transferência da administração central para o pagamento do suplemento extraordinário de pensões que correu em setembro para reforço do complemento solidário para idosos (CSI) e outras despesas”, disse ao deputado o ministro de Estado e das Finanças

Portanto na realidade o saldo da Segurança Social está a aumentar cerca de 400 milhões e não os mil milhões que o senhor deputado José Luís Carneiro referia há poucos dias e que lhe permitiria fazer um aumento estrutural da despesa”, concluiu Joaquim Miranda Sarmento.

O PS tem dito que a proposta de alteração que propõe à lei do orçamento do Estado depende do excedente verificado em contas nacionais, a ótica que conta para Bruxelas, que não será divulgado antes do final de março.

O Ministro das Finanças não deu relevância ao facto de o líder do PS ter dito que o eventual aumento adicional será financiado “com recurso às transferências do Orçamento do Estado para não colocar em causa a sustentabilidade do regime previdencial”. Ou seja, financiado por receitas de impostos.

Notícia atualizada pelas 17:44 com mais informação