Em cinco anos a frota de motoristas de TVDE aumentou em 53 mil efetivos enquanto os táxis perderam cerca cinco mil motoristas.
Há quase quatro vezes mais condutores de TVDE do que taxistas com autorização para trabalhar em Portugal: é o que revelam os dados mais recentes do Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT), cedidos à SÁBADO. Há atualmente 20.573 certificados de motoristas de táxi, enquanto estão certificados 76.219 motoristas de TVDE. Em 2020, o número de taxistas (25.667) superava o de motoristas de Transportes de Passageiros em Viaturas Ligeiras Descaracterizados (TVDE, 23.167).
Vitor Mota/ Medialivre
No município de Lisboa, há 9.409 motoristas de TVDE enquanto motoristas de táxi são 1.955. Em Sintra são 6.505 TVDE para 1.121 taxistas, enquanto em Odivelas há 4.679 TVDE para 745 táxis. Mas os táxis ainda chegam a regiões onde os TVDE não estão, como no interior ou em cidades menos populadas, demonstram os dados da IMT. Fonte oficial do IMT diz à SÁBADO que apesar de haver 76 mil licenças, estão contabilizadas quase todas as licenças passadas desde 2018, havendo muitos motoristas que já não estão no ativo ou que terão trocado de área.
O presidente da Associação Nacional Movimento TVDE (ANM-TVDE), Victor Soares, diz à SÁBADO que um dos objetivos das plataformas de TVDE é chegarem a mais cidades e diz mesmo que têm tentado incentivar os seus motoristas a deslocar-se para outras cidades, referindo que existe "maior margem de rentabilidade para o motorista de TVDE se isso acontecer", mas negando que já não seja rentável ser motorista nestas plataformas.
De momento, há apenas três operadoras de TVDE autorizadas a funcionar em Portugal que são a Uber, a Bolt e a It’s My Ride, segundo o IMT. Mas o presidente da ANM-TVDE assegura que só a Uber e a Bolt estão em funcionamento. Victor Soares refere que existem pedidos de outras duas plataformas a tentar entrar no mercado. "Mas como aconteceu com outras plataformas, vão deparar-se com muitas dificuldades em estabelecerem o negócio", lamenta.
"As plataformas não sobrevivem devido aos custos do IVA e dos impostos relacionados com as sedes das empresas estarem em Portugal", acrescenta o representante dos TVDE.
Já sobre o que torna os TVDE mais atrativos do que os táxis, Victor Soares aponta três motivos: a disponibilidade de carros, os preços praticados e a segurança. "Não podemos negar que haja uma possível degradação dos serviços de táxis, mas a verdade é que o serviço que nós oferecemos tem sido a base do nosso crescimento", diz, destacando a segurança.
A SÁBADO enviou questões à Associação Nacional dos Transportadores Rodoviários em Automóveis Ligeiros (ANTRAL), associação que representa os taxistas, que não respondeu até à publicação deste artigo.
"O nosso serviço de acompanhamento da viagem, apoio do aplicativo ao utilizador e ao motorista distinguem-nos. As aplicações que nós usamos asseguram viagens mais seguras e a introdução do botão de emergência em que o utilizador pode clicar e ter um acompanhamento direto que liga logo à PSP, GNR ou ao 112 aumenta a confiança dos clientes", diz Victor Soares que acrescenta que depois de tocar no botão de emergência as autoridades chegam ao veículo em cinco minutos, em média. "Este botão de emergência é sigiloso e o motorista não sabe que o mesmo foi ativado", acrescenta. Segundo os sites oficiais, o botão de emergência da Uber fornece a "localização e os detalhes da viagem, para que possa partilhá-los rapidamente com os serviços de emergência", ao passo que o da Bolt faz uma "chamada para os serviços de segurança locais".
A Uber foi a primeira plataforma a operar em Portugal, em julho de 2014, juntando-se depois outras como a Bolt (ainda em atividade) ou a Cabify e a Kapten (que também se chamou Chauffeur Privé) e que entretanto já encerraram atividade. Só quatro anos após a entrada ao serviço dos TVDE, e depois de muita contestação do setor do táxi e longos meses de discussão parlamentar, entrou em vigor, em novembro de 2018, a lei que regula as plataformas eletrónicas de transporte. Atualmente, a lei será revista e encontram-se em discussão na Comissão Parlamentar de Economia projetos de lei do PSD e da IL, depois de terem sido chumbados em plenário projetos do Chega, PCP e Bloco de Esquerda. Um projeto de resolução do CDS-PP também foi aprovado. Entre as alterações que os partidos propõem, figuram a permissão a veículos registados como táxis de estarem a fazer atividade de TVDE e permitir a publicidade fora e dentro dos carros.
Para poder adicionar esta notícia aos seus favoritos deverá efectuar login.
Caso não esteja registado no site da Sábado, efectue o seu registo gratuito.
Para poder votar newste inquérito deverá efectuar login.
Caso não esteja registado no site da Sábado, efectue o seu registo gratuito.
Montenegro e Rangel ignoram, de forma conveniente, que o dever primordial de qualquer Estado democrático é proteger a vida e a integridade física dos seus cidadãos
O Chega está no centro do discurso político e comunicacional português, e bem pode o PSD querer demarcar-se a posteriori (e não quer muito) que perde sempre. A agenda política e comunicacional é a do Chega e, com a cloaca das redes sociais a funcionar em pleno
É tempo de clarificação e de explicarmos às opiniões públicas europeias que sem Segurança não continuaremos a ter Liberdade. A violação do espaço aéreo polaco por parte da Rússia, com 19 drones, foi o episódio mais grave da história da NATO. Temos de parar de desvalorizar a ameaça russa. Temos de parar de fazer, mesmo que sem intenção, de idiotas úteis do Kremlin. Se não formos capazes de ajudar a Ucrânia a resistir, a passada imperial russa entrará pelo espaço NATO e UE dentro
Esta ignorância velha e arrastada é o estado a que chegámos, mas agora encontrou um escape. É preciso que a concorrência comece a saber mais qualquer coisa, ou acabamos todos cidadãos perdidos num qualquer festival de hambúrgueres