Nas previsões de Primavera divulgadas hoje, Bruxelas estima que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) português "continue robusto", depois de uma "forte aceleração" no ano passado, quando a economia avançou 2,7%.
O executivo comunitário estima que o PIB suba 2,3% este ano e 2% em 2019, o que significa que o crescimento da economia abranda este ano e no próximo.
Por outro lado, Bruxelas reviu em alta as estimativas do crescimento económico português face às suas previsões de inverno, divulgadas em Fevereiro. Na altura, a Comissão previa que o PIB crescesse 2,2% este ano e 1,9% no próximo.
As previsões da Comissão Europeia estão em linha com as do Governo para o crescimento do PIB para este ano, mas ficam 0,3 pontos percentuais abaixo do estimado pelo executivo português para 2019, que no Programa de Estabilidade mantinha o ritmo de crescimento nos 2,3% em cada um dos anos até 2020.
Apesar de abrandar, o crescimento do PIB português deverá manter-se alinhado com as subidas médias das economias dos 28 Estados-membros e da zona euro que, em ambos os casos, devem avançar 2,3% este ano e 2% no próximo.
Bruxelas justifica estas estimativas com um abrandamento do crescimento do consumo privado, à medida que as poupanças devem aumentar (embora permaneçam em níveis baixos no médio prazo), e do investimento, que, ainda assim, deve crescer mais do que o PIB, reflectindo o abrandamento na construção depois de uma "recuperação acentuada" no ano passado.
As exportações e importações devem crescer a um ritmo semelhante em 2018 e 2019, mantendo o saldo de contas externas positivo em torno dos 0,5% do PIB. "Apesar de algum abrandamento, o turismo deve continuar a ser um dos principais impulsionadores a apoiar o balanço externo português", refere a Comissão.
Por outro lado, a taxa de desemprego vai continuar a cair, "embora a um ritmo mais baixo", para 7,7% este ano e 6,8% em 2019. Neste caso, Bruxelas mostra-se mais optimista, já que o Governo prevê fechar a legislatura com uma taxa de desemprego acima dos 7%.
Ainda assim, a Comissão recorda que a taxa de desemprego "continua acima do mínimo histórico de 5,1% em 2000", apesar de já estar mais baixa do que estava antes da crise financeira global.
Já a taxa de emprego para as pessoas entre os 15 e os 74 anos está a aproximar-se do máximo histórico de 62,7% registado em 2001.
Bruxelas admite que os salários devem subir gradualmente até 2019, devido sobretudo ao descongelamento das carreiras na Função Pública. "Ainda assim, o aumento dos salários na média da economia deve ser parcialmente anulado pela forte criação de emprego em sectores com salários abaixo da média", salvaguarda.
A inflação deve abrandar para 1,2% este ano e recuperar para 1,6% no próximo, em resultado dos aumentos salariais graduais que devem puxar pelos preços dos bens.
"Os preços da habitação devem abrandar gradualmente ao longo do horizonte de projecção, depois um grande aumento de 9,2% em 2017", observa a Comissão.