Com os votos contra do PS e a favor de todas as restantes bancadas, foi aprovado o projecto de lei do PCP que obriga o "procedimento concursal para recrutamento dos médicos internos que concluíram com aproveitamento a formação específica, e aos quais foi atribuído o grau de especialista na respectiva especialidade", independentemente de terem tido lugar em época normal ou especial.
O concurso, que agora terá que ocorrer "no prazo de 30 dias após a homologação e afixação da lista classificativa final do internato médico", tem como objectivo um "vínculo de emprego público na modalidade de contrato de trabalho em funções públicas".
Este projecto de lei do PCP baixa agora à nona comissão parlamentar para ser discutido na especialidade.
Foi igualmente aprovado um projecto de resolução do BE para a abertura de concurso de médicos recém-especialistas até 30 dias após a conclusão do internato médico, mas que apenas funciona como uma recomendação ao Governo, tendo recolhido também os vo-tos contra do PS e a favor das restantes bancadas.
Em Janeiro deste ano, o Sindicato Independente dos Médicos denunciou que pelo menos 200 dos cerca de 700 médicos recém-especialistas que aguardavam há meses por um concurso já saíram para o estrangeiro ou para hospitais privados e parcerias público-privadas.
"O ministro da Saúde decidiu mentir e manipular a informação", era referido numa nota divulgada pelo Sindicato Independente dos Médicos, refutando as declarações de Adalberto Campos Fernandes que indicou no parlamento que os internos que já acabaram a especialidade e que aguardam concurso estão a trabalhar nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Bastonário tinha pedido alteração nos concursos
Numa entrevista dada ontem ao site Newsfarma, o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, defendeu que "a preocupação central" é "conseguir que os médicos jovens fiquem a trabalhar em Portugal e, em especial, no Serviço Nacional de Saúde (SNS)". "Os concursos médicos têm de abrir em tempo útil, entre 15 e 30 duas após os médicos terem acabado a especialidade. É o primeiro factor para captar os jovens médicos para trabalharem em Portugal. Há uma falta de capital humano imensa no SNS, o que afecta a capacidade de resposta e a capacidade de formar mais especialistas", lamentou.
Nas votações de hoje, a bancada do BE viu ainda aprovado o projecto de resolução que recomenda ao Governo a contratação definitiva dos profissionais de saúde colocados ao abrigo do plano de contingência da gripe activado entre 1 de Novembro de 2017 e 31 de Março de 2018, tendo o PS votado igualmente contra, o CDS-PP absteve-se e as restantes bancadas a votar a favor.
Já o projecto de resolução do PCP sobre esta mesma temática foi votado de forma desagregada, tendo sido rejeitado - com os votos contra do PS e a abstenção do PSD e CDS-PP - o ponto que recomenda "a regularização da situação dos profissionais de saúde contratados ao abrigo dos planos de contingência e que estão a preencher necessidades permanentes nos serviços integrando-os com contratos de trabalho com vínculo público por tempo indeterminado".
A recomendação para reforço do Serviço Nacional de Saúde mediante a contratação dos profissionais de saúde em falta e o cumprimento da norma aprovada no orçamento para a substituição progressiva de empresas de trabalho temporário pela contratação directa de trabalhadores com vínculo efectivo à função pública foram aprovadas com a abstenção do PS.