Estudo confirma os benefícios que medicamentos para perda de peso têm, mas revela também o agravamento do risco de contrair doenças graves.
O Ozempic e o Wegovy, medicamentos indicados para a diabetes do tipo II, mas tornados famosos por terem propriedades que ajudam à perda de peso, podem provocar artrite e até uma doença fatal, a pancreatite. Mas podem também vir a ajudar no combate a adições, propõe autor de estudo sobre medicamentos que ajudam no emagrecimento.
REUTERS/Tom Little
Num estudo publicado na revista científica Nature Medicine, os investigadores explicam que estes medicamentos que ajudam ao emagrecimento (cujo agente ativo é o semaglutido), como o Ozempic e o Wegovy, podem levar ao desenvolvimento de doenças graves, mas também à prevenção de outras condições médicas. Em declarações à revista Nature, o médico e epidemiologista Ziyad Al-Aly, diretor do Centro de Epidemiologia Clínica do Sistema de Saúde de Assuntos de Veteranos de St. Louis, explica que ainda "ninguém tinha investigado de forma aprofundada os efeitos e riscos associados aos agonistas dos recetores do péptido-1 semelhante ao glucagon (GLP-1RA)" e que foi a isso que a sua equipa se propôs.
Ao longo de três anos e meio, Al-Aly e outros cientistas seguiram 200 mil pessoas com diabetes tipo II que usavam medicamentos com semaglutido e 1,7 milhões de pessoas com diabetes a usar outro tipo de medicamentos como o Jardiance, o Glipizide ou o Januvia.
O que foi apurado no estudo é que comparativamente a outros medicamentos usados para tratar diabetes, medicamentos com semaglutido reduzem o risco de condições como doença cardíaca, acidente vascular cerebral (AVC) ou doenças renais. O estudo mostra ainda que Ozempic ajuda a reduzir perturbações psiquiátricas em um em cada cinco pacientes e reduz o risco de Alzheimer em 12%.
Mas Al-Aly diz que aquela que é provavelmente a melhor descoberta que fizeram está relacionada com os efeitos do semaglutido nas adições. Como este ativo atua nas regiões do cérebro associada ao impulso de controlos e na ideia de recompensa, Al-Aly defende que o Ozempic e medicamentos semelhantes podem vir a ser usados no combate às adições de tabaco, álcool e até drogas.
Entre os riscos associados ao medicamento, no entanto, está um aumento de risco de contrair doenças como artrite (um aumento de 11%) e pancreatite (um aumento de 146%). Esta última doença é particularmente grave já que pode ser fatal. E, apesar dos efeitos adversos serem pouco frequentes, podem ser muito graves, refere o autor.
Esta não é a primeira vez que o Ozempic é relacionado com doenças gastrointestinais. Em 2023 um estudo apontava para que quem tomava estes medicamentos tinha maior probabilidade de desenvolver obstruções intestinais, "incluindo um risco acrescido de problemas gastrointestinais, como náuseas, vómitos, diarreia e, em casos raros, paralisia do estômago".
Em 2024 foram vendidas mais de 33 mil embalagens por mês de semaglutido em Portugal, sendo já o quinto medicamento que mais custa ao Serviço Nacional de Saúde. A descoberta de que este medicamento ajuda à perda de peso chegou a levar a uma escassez de Ozempic nas farmácias de todo o mundo que prejudicou pacientes de diabetes que precisavam de o tomar. A Agência Europeia já avisou para esta situação em 2024, bem como o Infarmed.
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