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OMS declara solidão uma "preocupação global de saúde pública"

Débora Calheiros Lourenço
Débora Calheiros Lourenço 17 de novembro de 2023 às 07:00
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Em todas as regiões do mundo um em cada quatro idosos sofre de isolamento social, este isolamento aumenta o risco de demência em 50% e a doença arterial e o AVC são potencializados em 30%.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a solidão como uma ameaça à saúde global, comparando os seus efeitos ao consumo de 15 cigarros por dia.

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Para lidar com o problema a OMS já lançou uma comissão internacional, liderada pelo cirurgião Vivek Murthy e pelo enviado da juventude da União Africana Chido Mpemba. A preocupação surge depois da pandemia de covid-19 ter aumentado os níveis de solidão paralisando a atividade económica e social. Ainda assim a pandemia permitiu também uma maior consciencialização para o problema.

A comissão agora criada conta com mais onze elementos e deverá funcionar durante três anos com vista a alcançar soluções sobre como lidar com os problemas criados pela solidão, que podem ser tão graves como fumar 15 cigarros por dia ou sofrer de obesidade, referiu a OMS.

Chido Mpemba sublinha que a solidão "transcende fronteiras e está a tornar-se uma preocupação global de saúde pública que afeta todas as facetas de saúde, do bem-estar e do desenvolvimento". Além disso, a OMS reforça que o isolamento pode afetar pessoas de todas as idades.

Em todas as regiões do mundo, um em cada quatro idosos sofre de isolamento social. Os idosos veem o seu risco de desenvolver demência aumentado em 50% pelo facto de estarem isolados, enquanto a doença arterial e o AVC são potencializados em 30%.

Nos jovens a solidão também é prejudicial. Entre 5% e 15% dos adolescentes admitem que se sentem solitários e a OMS adverte para o facto de que estes números estão, muito provavelmente, subestimados. Normalmente os jovens que se sentem mais isolados têm uma maior probabilidade de desistirem da faculdade, terem resultados económicos mais fracos, sentirem-se desconectados e não terem uma rede de apoio.

Nos países europeus é onde os jovens menos afirmam sentirem-se sós, apenas 5,3%, já em África (17,7%) e no leste do Mediterrâneo (14,4%) é onde se sentem mais sozinhos. Chido Mpemba partilhou que os desafios vividos em África pela procura de paz, segurança, combate às alterações climáticas e falta de emprego aumentam o isolamento social.

Assim sendo a OMS considera que este é o momento de "redefinir a narrativa em torno da solidão, especialmente para as populações vulneráveis e excluídas".

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