Sábado – Pense por si

Como ajudar os bebés a desenvolver o cérebro? Converse com eles de "forma adulta"

Um grupo de investigadores britânicos estudou o impacto da conversação com crianças e reportou alguns resultados promissores (ainda que tenham de ser feitos mais testes).

Conversar com crianças pode ser útil para o desenvolvimento e aquisição de vocabulário. Mas agora, um grupo de investigadores da Universidade de East Anglia, em Inglaterra, conseguiu provar o impacto da "linguagem adulta" junto de bebés.

crianças
crianças Getty Images

De acordo com o trabalho publicado no Journal of Neuroscience, conversar com bebés regularmente pode "ajudar a moldar a sua estrutura cerebral" uma vez que as crianças "ficam expostas a elevadas concentrações de uma substância no cérebro – conhecida como mielina – que envolve os nervos e os torna mais eficientes".

Para o estudo foram avaliados perto de duas centenas de crianças, mais concretamente 87 bebés de seis meses e 76 de dois anos e quatro meses, segundo nota oThe Guardian.

Os investigadores, através de dispositivos eletrónicos, monitorizaram a quantidade de horas a que todas estas crianças estiveram expostas à fala adulta. Depois de analisarem 6.208 horas de dados, concluíram que "as crianças expostas a maiores quantidades de fala adulta produziram mais vocalizações".

Mas há dados a ter em conta, é que os resultados serão diferentes dependendo da idade dos bebés.

A equipa liderada pelo professor John Spencer quis ir mais longe e juntou um grupo de 84 menores num hospital, dentro de uma sala, a dormir. Depois, sem os acordar, levaram as crianças a fazer uma ressonância magnética para medir a quantidade de mielina no cérebro.

No caso dos bebés de 30 meses a exposição à fala adulta foi associada a maiores quantidades de mielina, enquanto no caso dos bebés de seis meses a mesma diminuiu.

"Com seis meses há mais informações de qualidade, o cérebro está a crescer massivamente e há mais novos neurónios. Agora, quando já estão a limar o crescimento celular, a formar conexões específicas aí é que entra a mielina", explicou John Spencer.

A investigação reportou ainda que os filhos de mães com maior escolaridade tiveram resultados mais promissores. Ainda assim, os profissionais reconhecem que são necessários mais estudos de forma a detetar se outros aspetos podem ter impacto como a genética e as consequências na vida adulta dos bebés.

Ainda sem todas as respostas, o autor do estudo reforça que "o principal é que os pais retenham a importância de conversar com os filhos".

Artigos Relacionados
Cuidados intensivos

Loucuras de Verão

Até porque os primeiros impulsos enganam. Que o diga o New York Times, obrigado a fazer uma correcção à foto de uma criança subnutrida nos braços da sua mãe. O nome é Mohammed Zakaria al-Mutawaq e, segundo a errata do jornal, nasceu com problemas neurológicos e musculares.