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Chips cerebrais. O que irá Elon Musk começar a testar em humanos?

Leonor Riso
Leonor Riso 26 de maio de 2023 às 18:16
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Neuralink recebeu luz verde das autoridades de saúde dos EUA para começar ensaios em humanos. Objetivos visam tratamento de cegueira e problemas de mobilidade, mas também surgiram várias polémicas.

A Neuralink, empresa de Elon Musk que fabrica implantes cerebrais, recebeu luz verde por parte da FDA (a autoridade do medicamento dos EUA) para o primeiro ensaio clínico em seres humanos. A indicação foi dada pela empresa, que sublinha o "primeiro passo importante que um dia vai permitir que a nossa tecnologia ajude muitas pessoas".

REUTERS/Dado Ruvic/Illustration/File Photo

Mas quechipssão estes? A empresa, fundada em 2016 por Elon Musk e por Max Hodak, conta com 400 funcionários. Conta com um investimento de 363 milhões de dólares (337 milhões de euros) e está a desenvolver dois equipamentos. O primeiro consiste num chip do tamanho de uma moeda, a que estão ligados vários fios a espalhar pelo cérebro. Os mesmos têm elétrodos, que estimulam e monitorizam a atividade cerebral. As informações são depois transmitidas sem fios para computadores, onde são analisadas por investigadores. Já o segundo equipamento trata-se de um robô para implantar o chip no cérebro.

Os implantes cerebrais destinam-se a atuar sobre várias doenças, como a obesidade, a cegueira, o autismo, paralisia, a depressão e a esquizofrenia. Elon Musk vai mais longe e aponta como objetivos a telepatia e a navegação na Internet.

Segundo a agência noticiosa Reuters, ainda estão a ser recrutadas pessoas dispostas a participar no ensaio clínico, sobre o qual não foram prestadas mais informações. À mesma fonte, nem a Neuralink nem a FDA comentaram a autorização.

Em 2022, Musk disse que se sentia confortável com a ideia de implantar um chip cerebral num dos seus filhos, perante uma lesão grave como uma fractura da coluna. Ele próprio ponderou a hipótese. "Diria que estamos no ponto em que pelo menos, na minha opinião, não seria perigoso", explicou. "Podias ter um dispositivo Neuralink implantado agora e não saberias. Quer dizer, hipoteticamente. Num destes testes, de facto, num destes testes, terei."

Desde 2019 que Elon Musk quer avançar com ensaios em humanos, mas a primeira autorização foi recusada pela FDA em 2022. As maiores preocupações suscitadas relacionam-se com a bateria de lítio dos implantes, a possibilidade de ois fios navegarem dentro do cérebro e o desafio de extrair o implante sem danificar o tecido cerebral.

A Neuralink também está sob investigação por violar o bem-estar animal durante os testes dos implantes, por ter causado sofrimento e mortes desnecessárias. Além disso, outro inquérito prende-se com o possível transporte de patógenos perigosos sem contenção durante as mesmas experiências.

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