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Descoberta é “aviso” sobre o que será o futuro do “pulmão do mundo”. Cenário antecipa alterações irreversíveis à estrutura da floresta.
As secas cada vez mais frequentes e severas na maior floresta do mundo ameaçam a capacidade deste ecossistema em se regenerar, aponta um recenteestudo publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS). Numa análise extensa, feita através de imagens satélite desta floresta tropical entre 2001 e 2019, esta equipa de cientistas concluiu que cerca de 37% da vegetação madura ao longo da Amazónia tem tendência a não se renovar.
O fenómeno torna-se ainda mais grave se olharmos para a região a sudeste, cujo estado de desflorestação em combinação com as secas mais intensas poderá facilitar o que especialistas chamam um tipping point – uma espécie de "ponto de não retorno", a partir do qual esta zona da floresta será cada vez mais seca, sem se regenerar.
Este argumento é reforçado pelo facto da intensidade das secas ser mais desestabilizadora e destrutiva do que a frequência com que estas ocorrem, embora a combinação destes fatores seja o pior dos cenários. Faz sentido então que a região noroeste da floresta – a que tem mais tendência para as secas - seja curiosamente a menos afetada pela gravidade do fenómeno.
Além disso, os dados do estudo também indicam que o agravamento da situação geral terá consequências a níveis mais aprofundados. Isto porque se mesmo as árvores, que são das plantas mais resistentes, já mostram sinais de serem possivelmente afetadas pelas secas, então é natural que elementos menos resistentes morram primeiro. "Portanto, se já estamos a ver indícios de aproximação a este ponto crítico, então a situação deve ser ainda pior ao nível micro", explica a principal investigadora do estudo, Johanna Van Passel, citada peloThe Guardian. "Isto trata-se mesmo de um aviso, e deixa-me muito preocupada pelo futuro da Amazónia", acrescenta.
É aliás um problema que não parece abrandar. As secas incluem-se num conjunto de outros fenómenos extremos que são agravados pelas alterações climáticas. No limite, as árvores da Amazónia podem mesmo começar a morrer, o que significa que deixam de produzir oxigénio, o que é especialmente grave quando se trata do "pulmão do mundo" – uma área de 6,7 milhões de quilómetros quadrados com cerca de 15 mil espécies. Por outro lado, este cenário altera drasticamente a estrutura deste ecossistema, o que poderá levar a que outros tipping points aconteçam ao longo da floresta.
Ainda no ano passado, surgiram indícios de que isto se pode tornar uma realidade, num ano em que as secas, juntamente com a desflorestação, eliminaram um milhão de hectares na região - embora se trate de um número reduzido quando comparado com outros anos. Mesmo assim, as secas resultaram numa descida súbita do nível da água no lago Tefé, onde se atingiram os 39ºC, que mataram várias espécies marinhas, incluindo uma centena de golfinhos.
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