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Adoçante artificial pode estimular o apetite mais do que o açúcar

Gabriela Ângelo 11 de abril de 2025 às 07:00
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Dois anos depois da Organização Mundial de Saúde ter emitido um alerta sobre a utilização e os impactos da sucralose e outros adoçantes artificiais, há mais uma razão para preocupação.

Um novo estudo norte-americano revela que o consumo de adoçante artificial como a sucralose, também conhecido por splenda, não impacta apenas o metabolismo, mas uma parte do cérebro que controla a fome e a sede. 

Hendrik Schmidt/picture-alliance/dpa/AP Images

Uma vez que os adoçantes artificiais, como a Sucralose, podem ser entre 200 a 600 vezes mais doces do que a sacarose, mas sem calorias, esta discrepância pode criar "um desfasamento entre a expectativa da ingestão calórica [de açúcar] e a ausência de energia real", explicam os autores.

"Se o seu corpo está à espera de uma caloria por causa da doçura, mas não obtém a caloria de que está à espera, isso pode mudar a forma como o cérebro está preparado para desejar essas substâncias ao longo do tempo", alerta uma das supervisoras do estudo, Kathleen Page da Universidade do Sul da Califórnia. 

Esta investigação contou com um universo de 75 participantes entre as idades de 18 e 35 anos e com pesos diferentes, e consistia no consumo de três bebidas, uma com sucralose, uma com sacarose e outra sem qualquer uma das substâncias. A ordem das bebidas foi aleatória para cada participantes, e a distância entre sessões variou de dois dias a dois meses.

Os resultados mostraram um aumento do fluxo sanguíneo para o hipotálamo, uma parte do cérebro que controla a fome e a sede, quando bebiam o copo com sucralose. Em contrapartida, quando os participantes bebiam a bebida com sacarose, ou seja açúcar normal, esta tinha um efeito de mitigar a fome e o apetite, os níveis de glicose aumentaram, o que levou a uma redução do fluxo sanguíneo para o hipotálamo. Duas horas depois de beberem a bebida com sacarose, a maioria dos participantes relatou que tinha ficado com menos apetite, do que quando bebeu com sucralose, ou splenda. 

Ao contrário de consumir açúcar de cana, o consumo de sucralose não causa um pico nos níveis de glicose ou nas hormonas como a insulina, que ajudam a controlar o nível de açúcar no sangue. "O corpo utiliza estas hormonas para dizer ao cérebro que foram ingeridas calorias, de forma a minimizar a fome", explica Page. "A sucralose não teve esse efeito e a diferença nas respostas à sucralose e ao açúcar foram ainda mais notórias em participantes com obesidade".

O estudo comprova os resultados de uma investigação feita em ratinhos, que chegou à conclusão de que adoçantes sem calorias não são eficazes na perda de peso ou na redução dos desejos de consumir açúcar a longo prazo. 

Há cerca de dois anos, a Organização Mundial de Saúde (OMS) alertou também para o perigo e os impactos do consumo de sucralose, da splenda e de outros adoçantes artificiais, no metabolismo, mas foi provado agora que esses perigos que expandem para o cérebro, existindo a possibilidade e haver uma correlação entre ambos.

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