"Quando tomei conhecimento do massacre fiquei esmagado", afirmou o criador da série da HBO, Damon Lindelof.
A ação da série Watchmen partiu do massacre de afro-americanos em Tulsa, em 1921, para trazer à luz do dia um acontecimento de violência racial que "fora apagado da história", disse o criador Damon Lindelof.
"Quando tomei conhecimento do massacre fiquei esmagado", afirmou o criador da série da HBO, durante uma sessão virtual organizada pela revista de entretenimento Variety. "Este sítio incrível existia em 1921, com negócios detidos por afro-americanos, jornais, mecânicos, teatros, a prosperar em Oklahoma. O facto de que foi varrido da existência em 48 horas tirou-me o fôlego".
O local, que era conhecido como "Wall Street Negra", foi palco de violentos motins durante os quais multidões de brancos incendiaram e pilharam casas e lojas e atiraram sobre afro-americanos. Segundo a Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos, morreram 300 pessoas e os prejuízos de propriedade ascenderam aos milhões de dólares.
"O mais chocante é que eu nunca tinha ouvido falar sobre isto", afirmou Lindelof. "Tinha de ser a pedra angular da série", disse, referindo que a "marginalização" de criativos negros levou a que, no passado, ninguém quisesse investir para contar a história do massacre porque "não era comercial".
A atriz Jean Smart, que interpreta a agente do FBI Laurie Blake, também se afirmou "horrorizada" por nunca ter ouvido falar disto e considerou que a série conseguiu educar a audiência "de uma forma que foi muito significativa".
Watchmen é uma sequela da novela gráfica de Alan Moore e Dave Gibbons, publicada pela DC Comics, entre 1986 e 1987, situando-se 34 anos depois dos acontecimentos dos livros e mostrando tensão e violência racial na Tulsa contemporânea.
A série limitada, que se estreou em outubro de 2019, levou a audiência a pesquisar os eventos do massacre de 1921 e ganhou novo fôlego devido ao contexto atual em torno da morte de George Floyd e o movimento de justiça racial liderado pelos promotores do Black Lives Matter.
"É um momento maravilhoso na história do nosso país e do mundo", disse Louis Gossett Jr., o ator de 84 anos que interpreta Will Reeves, referindo-se ao movimento que foi para as ruas desde o final de maio. "Isto é novo. Ver isto, para mim, é poeticamente histórico".
Regina King, que protagoniza a série como Angela Abar, sublinhou a importância de ser uma mulher negra a liderar esta história. "Nunca tinha visto isto. Foi uma honra", disse King, que recebeu o Óscar de Melhor Atriz Secundária em 2019 por "Se Esta Rua Falasse". "Quando temos a oportunidade de expressar a nossa arte num espaço onde o comentário social está presente - é para isso que cá estou".
De acordo com os dados da Nielsen e da HBO, citados pela Vulture, o episódio final de "Watchmen" foi visto por 1,6 milhões de pessoas e a audiência cumulativa média da série foi de sete milhões de espectadores por episódio, o que a tornou na temporada inicial mais vista do canal dos últimos três anos.
"'Watchmen' está povoada de personagens maiores do que a vida", caracterizou Lindelof, conhecido também pelas séries "Lost" e "The Leftovers". O produtor explicou que foi preciso convencer Jeremy Irons e Hong Chau a aceitarem os seus papéis de Adrian Veidt e Lady Trieu, respetivamente.
"Fui levado pela história como uma criança. Não sabia o que se estava a passar, era um mistério para mim", disse Jeremy Irons. O ator, consagrado com um Óscar em 1991 pelo papel em "Reveses da Fortuna", disse que só percebeu o arco global da história, incluindo a importância do massacre de Tulsa, quando viu o produto final. "Senti-me orgulhoso de fazer parte disto", declarou.
Yahya Abdul-Mateen II, que interpreta Cal Abar, afirmou que a história o levou a perceber que os efeitos dos acontecimentos traumáticos que afligem uma geração passam para as seguintes. "O trauma perdura e entra nos nossos corpos, nas nossas famílias, no ADN", disse. "Nem sequer sabemos que o carregamos".
Apesar da vontade inicial da HBO de ter uma segunda temporada da série, Damon Lindelof disse que tinha contado a história que queria contar e o canal reclassificou a série como limitada. Ainda assim, não foi posta de parte a possibilidade de um regresso no futuro.
A sessão da revista Variety, com a equipa de "Watchmen", realizou-se dois dias depois do primeiro comício do presidente Donald Trump, após o confinamento por causa da pandemia de covid-19, que aconteceu em Tulsa a 20 de junho.
A escolha do local e a data original, 19 de junho, tinham causado polémica por causa do massacre de 1921 e a comemoração do "Juneteenth", que marca o fim da escravatura nos EUA.
Série Watchmen lembra massacre racial que fora “apagado da História”, defende produtor
Para poder adicionar esta notícia aos seus favoritos deverá efectuar login.
Caso não esteja registado no site da Sábado, efectue o seu registo gratuito.
Para poder votar newste inquérito deverá efectuar login.
Caso não esteja registado no site da Sábado, efectue o seu registo gratuito.
Seria bom que Maria Corina – à frente de uma coligação heteróclita que tenta derrubar o regime instaurado por Nicolás Maduro, em 1999, e herdado por Nicolás Maduro em 2013 – tivesse melhor sorte do que outras premiadas com o Nobel da Paz.
“S” sentiu que aquele era o instante de glória que esperava. Subiu a uma carruagem, ergueu os braços em triunfo e, no segundo seguinte, o choque elétrico atravessou-lhe o corpo. Os camaradas de protesto, os mesmos que minutos antes gritavam palavras de ordem sobre solidariedade e justiça, recuaram. Uns fugiram, outros filmaram.
É excelente poder dizer que a UE já aprovou 18 pacotes de sanções e vai a caminho do 19º. Mas não teria sido melhor aprovar, por exemplo, só cinco pacotes muito mais robustos, mais pesados e mais rapidamente do que andar a sancionar às pinguinhas?
Um bando de provocadores que nunca se preocuparam com as vítimas do 7 de Outubro, e não gostam de ser chamados de Hamas. Ai que não somos, ui isto e aquilo, não somos terroristas, não somos maus, somos bonzinhos. Venha a bondade.