Numa primeira entrevista depois de ter sido vítima de um ataque de morte, o autor diz-se "grato à vida" e que "o que acontece amanhã é mais importante que o que aconteceu ontem".
O escritor Salman Rushdie, de 75 anos, foi esfaqueado no pescoço em agosto do ano passado mas agora, quase seis meses depois, decidiu dar uma entrevista onde conta como sobreviveu e viveu nos últimos meses.
ÀNew Yorker, o autor que passou anos sob proteção policial por ter sido alvo dafatwa, considera que "teve sorte" - uma vez que o desfecho do ataque poderia ter sido pior - mas reconhece que ainda se sente "avassalado" com tudo.
"Ao longo destes anos sempre tentei evitar recriminações e amarguras. Acho apenas que não estou com um bom aspeto. Uma das formas de lidar com tudo é olhar para a frente e não para trás, o que acontece amanhã é mais importante que o que aconteceu ontem", explicou o autor.
No momento do incidente, Rushdie encontrava-se a dar uma palestra no Chautauqua Institution, em Nova Iorque. O local não tinha qualquer detetor de metais à entrada ou funcionários que garantissem a segurança do evento. Mesmo assim, para Rushdie existe apenas um culpado: o seu atacante.
Hadi Matar, de 24 anos, acabou por ser detido por tentativa de assassinato e tentativa de agressão mas declarou-se sempre como inocente. Ainda assim, as autoridades agarram-se à teoria de que o homem estava a cumprir afatwaque lhe havia sido imposta por causa do livroOs Versos Satânicos.
Salman Rushdie acabou por ficar cerca de seis semanas a receber acompanhamento hospitalar, perdeu a visão num dos olhos e ficou com lesões numa mão. Agora, agradece também o trabalho de todos os profissionais de saúde que o acompanharam desde o primeiro dia.
"As grandes lesões estão essencialmente curadas. Tenho sensibilidade no polegar e no indicador e na parte de baixo da palma da mão. Estou a fazer muita fisioterapia à mão, e dizem-me que está a correr muito bem", afirmou. "Sou capaz de me levantar e de andar. Quando digo que estou bem, quer dizer, há partes do meu corpo que precisam decheck-upsconstantes. Foi um ataque colossal."
Quem também nunca o abandonou foram os seus dois filhos e a mulher, a escritora Rachel Eliza Griffiths. "Ela assumiu o controlo numa altura em que eu estava desamparado. Ela assumiu tudo enquanto lidava com o fardo emocional de que eu poderia ter morrido", explica o autor.
Salman Rushdie prepara-se agora para lançar o seu mais recente livro,Victory City, no dia 9 deste mês, mas o seu agente garante que não fará qualquer tipo de aparição pública. O autor disse que sentiu muita dificuldade em escrever. "Sento-me para escrever e nada acontece- Eu escrevo, mas é uma combinação de vazio e tralha, coisas que escrevo e apago no dia seguinte. Ainda não estou fora da floresta, realmente."
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O humor deve ser provocador, desafiar convenções e questionar poderes. É um pilar saudável da liberdade de expressão. Mas quando deixa de ser crítica legítima e se transforma num ataque reiterado e desproporcional, com efeitos concretos e duradouros na vida das pessoas, deixa de ser humor.