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Russ Cook, o primeiro homem a atravessar África a correr

Passou por selvas, florestas tropicais e foi assaltado em Angola, mas ao fim de 351 dias, chegou ao seu destino. Primeiro desejo? Um daiquiri de morango.

Foi a 22 de abril de 2023, a partir do Cabo das Agulhas, na África do Sul, que Russ Cook partiu rumo ao ponto mais a norte do continente africano. O britânico só parou no domingo (7), quando chegou à Tunísia, por volta das 20h40 (horário de Lisboa). Terminou assim uma travessia de 16 mil quilómetros percorridos de Sul a Norte do continente africano, passando por tempestades de areia, calor, ferimentos e intoxicações alimentares, além de um assalto à mão armada.

"Eu não estava assim tão preocupado com levar um tiro, mas naquele momento tentamos sempre avaliar a pessoa, para ver o quão assustadora ela realmente é", disse o jovem de 27 anos através do seu canal de Youtube, a partir do qual partilhou a sua jornada.   Telemóveis, câmaras, dinheiro, passaportes e vistos foram roubados a 24 de junho de 2023, em Angola. Nas redes sociais, um membro da equipa acrescentou ainda como conseguiu que o telemóvel não lhe fosse retirado: "Eu tinha o meu telemóvel novo escondido debaixo da perna e dei-lhes o meu antigo. Felizmente tinha o meu iPhone 6, que era como um iPod. Não tinha nada lá dentro, a não ser músicas e filmes descarregados. Então consegui trocá-los."

Nascido em 1997, Russ Cook é um atleta e uma estrela no Youtube, onde é seguido por 191 mil pessoas. No dia 7, completou o equivalente a 385 maratonas em 351 dias. 

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O seu amor por correr surgiu após um amigo o encorajar a participar na meia maratona de Brighton, no Reino Unido. Depois, aos 22 anos, decidiu correr da Ásia (Istambul) até Inglaterra (Londres), completando 71 maratonas em 66 dias. Segundo a imprensa britânica, o desporto ajudou-o a lidar com problemas de jogo e álcool. Além da corrida, fez ainda outros desafios como estar enterrado durante uma semana ou correr uma maratona a puxar um carro. 

Ao começar o Projeto África, explicou o que o motivava: "Sou um tipo completamente normal, por isso se eu consigo fazer isto, espero que as pessoas o apliquem às suas próprias vidas da maneira que entenderem. Para 99% das pessoas, não será atravessar África a correr, mas pode parecer-se com irem atrás dos seus sonhos."

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Terminado o Projeto África, Russ Cook conseguiu arrecadar mais de 700 mil libras (816 mil euros) para caridade. Pelo caminho, teve que parar devido a dores físicas - especialmente nas costas - e após exames médicos terem detetado sangue na urina. Foi obrigado a reduzir os quilómetros diários, mas nunca parou. 

Na véspera da última etapa, relatou à Sky News: "É bastante difícil de colocar em palavras: 352 dias na estrada, muito tempo sem ver a minha família, a minha namorada, o meu corpo sente muita dor mas é mais um dia, não me vou queixar."

A chegada foi celebrada com uma festa na Tunísia, em que Russ Cook só tinha um objetivo: beber um daiquiri de morango. 

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