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Quem foi o último papa a escolher o nome Leão?

Débora Calheiros Lourenço
Débora Calheiros Lourenço 09 de maio de 2025 às 12:46
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Leão XIII foi nomeado papa em 1879. O italiano é visto como o pioneiro na defesa da Doutrina Social da Igreja e tentou aproximar a Igreja das questões mais contemporâneas.

Ao segundo dia do Conclave, na quinta-feira, os cardeias chegaram a consenso sobre o nome do homem que sucede a Francisco e o cardeal norte-americanoRobert Francis Prevostfoi apresentado como Papa Leão XIV.

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Apesar de este ser o décimo quarto papa a escolher o nome Leão, o anterior tinha sido em 1878, ou seja, há quase 150 anos. Leão é um nome que faz referência a São Leão Magno, papa entre 440 e 461, que ficou conhecido pela liderança espiritual, defesa da doutrina e ter um importante papel naquilo que eram as ações diplomáticas da altura.

Em 1879 o italiano Gioacchino Pecci apresentou-se na mesma varanda da Basílica de São Pedro que todos os outros papas como Leão XIII e a realidade é que o seu pontificado se aproximou ao de São Leão Magno.

O seu longo papado de 25 anos ficou marcado por uma visão considerada inovadora para a época, procurando balancear a tradição da Igreja com os desafios que eram trazidos pelo mundo moderno, especialmente no que toca às áreas da sociedade ligadas com a filosofia e a diplomacia.

Leão XIII é visto como o pioneiro na defesa da Doutrina Social da Igreja, publicou a encíclica Rerum Novarum, em 1891, onde abordou pela primeira vez questões relacionadas com a classe operária, nomeadamente os direitos dos trabalhadores e a justiça social. Esta encíclica é considerada o marco inicial desta doutrina que estabelece o conjunto de princípios morais e sociais formulados a partir do Evangelho que deve orientar a atuação da Igreja e dos fiéis. No artigo "O legado histórico de Leão XIII e da encíclica Rerum Novarum" o professor José Miguel Sardica, da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica, atribui ao papa Leão XIII a fundação institucional e teórica da Doutrina Social da Igreja.

O historiador refere também que este foi o pontificado que marcou uma mudança de paradigma na atuação da Igreja face ao socialismo e ao capitalismo, rejeitando ambos os extremos e propondo um caminho alternativo baseado na dignidade humana, no papel moderador do Estado e na justiça social.

Leão XIII procurou aproximar a Igreja das questões contemporâneas incentivando o estudo das ciências e a abertura ao pensamento filosófico moderno, promoveu ainda reformas significativas no sistema educacional católico, incluindo a reformulação do ensino dentro dos seminários e universidades católicas com o objetivo de preparar a Igreja para enfrentar os desafios do mundo moderno com base na tradição e razão.

Liderou um pontificado que ficou marcado pela liderança espiritual e intelectual em vez da autoridade política, apesar de ter iniciado o diálogo oficial entre a Igreja e o mundo moderno e ter trabalhado para restaurar e fortalecer as relações diplomáticas do Vaticano.

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